O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sofreu uma derrota dupla na noite de quarta-feira (10). Na tentativa de limpar a pauta ideológica e dar um exemplo institucional, o parlamentar marcou, sem avisos prévios, a cassação de mandato tanto de Glauber Braga (PSOL-RJ) como de Carla Zambelli (PL-SP).

Até a semana passada, a cassação de ambos era dada como certa tanto pela esquerda como pela direita. A decisão abrupta de Hugo, no entanto, levou a uma união incomum, com o objetivo de dar um alerta ao presidente da Câmara dos Deputados.

No plenário, um acordo de bastidor foi costurado, à sombra de Hugo. A direita aceitou votar em uma pena mais branda a Glauber: uma suspensão de seis meses. A esquerda não se mobilizou em peso para cassar Zambelli, que teve menos votos do que deveria receber para ser cassada do mandato.

O resultado foi comemorado tanto por deputados governistas quanto de oposição – não exatamente pelo resultado final, mas por terem conseguido vencer Hugo.

A avaliação é de que o presidente da Câmara tem tomado decisões sem diálogo e com falta de transparência, sobretudo em relação à pauta legislativa. E já antecipam que nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avaliam apoiar Hugo caso ele tente uma reeleição ao comando da Casa Legislativa em 2027.