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Polícia recebe mais nove denúncias contra médico suspeito de assediar pacientes

Polícia suspeita que abusos começaram há mais de duas décadas


G1

Publicada em: 17/01/2019 15:29:36 - Atualizado

PRESIDENTE PRUDENTE SP - Mais nove mulheres procuraram a Polícia nesta quarta-feira (16) pra relatar abusos sexuais supostamente cometidos por um médico cardiologista em Presidente Prudente, no interior de São Paulo.

O relato de uma mulher conta como uma consulta médica se transformou em abuso: “Ele já me colocou num aparelho que você ficava em pé, de costas para ele, e ele ficava atrás vendo. Só que isso foram se passando os minutos, minutos e esse exame não acabava nunca. De repente, eu comecei a escutar um barulhinho de alguma coisa se mexendo e, de repente, eu senti um liquido nas minhas costas. Foi onde ele ejaculou nas minhas costas, na minha roupa”.

Ela é uma das 26 mulheres que procuraram a polícia para denunciar o cardiologista Augusto César Barreto Filho. Nove foram até a Delegacia de Defesa da Mulher de Presidente Prudente nesta quarta-feira (16). Todas afirmam ter sofrido abusos no consultório do médico.

“Ele pediu para eu deitar na maca; eu deitei. E ele esticou meu braço direito para aferir a pressão. Colocou o aparelho e ele encostava o órgão genital no meu braço. Depois ele colocou o aparelho para escutar meu coração e passava a mão, passou a mão no meu seio e por cima de mim. Aí minha mão, mais ainda, pegava e encostava nele. Eu fiquei sem reação nenhuma. Não consegui sair dali. Não consegui gritar. Não consegui falar nada. Eu não achei que ele fosse fazer aquilo”, relata uma delas.

“Ele passava o braço sobre o meu seio, foi descendo, descendo, até a minha parte genital e voltava. Isso durou cerca de um minuto e meio mais ou menos. Eu achei bem estranho. E como a gente fica deitada, então a mão fica do lado e ele esfregava as partes intimas dele na minha mão”, relembra outra.

“Primeiro ele mandou eu subir na balança para pesar. Aí ele pegou e encostou bem encostadinho nas minhas costas. Eu peguei e fui para a frente. Daí ele foi de novo. Eu peguei e fui mais para a frente. Aí ele mandou eu deitar na maca para aferir a pressão. E ele colocava a minha mão em cima do pênis dele. E eu ficava pensando: 'Meu Deus, será que tá acontecendo isso mesmo ou é coisa da minha cabeça?'”, fala uma terceira.

As investigações apresentadas à Justiça revelam que os abusos vinham sendo praticados há pelo menos dez anos, mas os novos depoimentos apontam que eles podem ter começado muito antes disso, na década de 1990.

A partir dos registros dos novos fatos, novos inquéritos policiais serão instaurados e, além disso, essas testemunhas robustecem a investigação que está em andamento e servirão também, tanto no caso que foi encerrado, como na abertura de novos inquéritos policiais”, disse a delegada Adriana Pavarina.

A polícia e o Ministério Público já pediram a prisão preventiva do médico - esse pedido está sendo analisado pela Justiça.

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo disse que negou um pedido de cancelamento do registro profissional do médico feito pela defesa dele. Segundo o conselho, a conduta do cardiologista já está sendo investigada desde julho e um cancelamento do registro anularia possíveis medidas punitivas.

“Vamos juntar agora essa sindicância ao parecer do MP e também as investigações da Polícia Civil de Presidente Prudente. Será encaminhado a uma Comissão de Assédio Sexual do conselho, uma câmara técnica sobre esse assunto, que deverá então propor um processo ético profissional. Depois, ele será julgado pelos médicos e a pena máxima é a cassação do exercício profissional”, explica Henrique Liberato, conselheiro do Cremesp.

Quem afirma ter sido vítima de abuso agora espera por justiça: “Que ele seja punido, que ele seja preso e pague pelos crimes que ele vem cometendo de lá até hoje”.

O médico Augusto Cesar Barreto Filho não quis gravar entrevista. A defesa dele disse que ainda não foi comunicada oficialmente sobre as denúncias para se posicionar.


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