Fundado em 11/10/2001
porto velho, domingo 10 de novembro de 2024
A Polícia Civil localizou nesta terça-feira, 25, familiares da idosa Iva da Silva de Souza, de 63 anos, que foi mantida em cárcere privado durante cerca de 20 anos por um casal em Vinhedo, no interior de São Paulo. Segundo a polícia, Écio Pilli Júnior, de 47 anos, e Marina Okido, de 65, foram presos, suspeitos de estelionato.
Irmã da vítima, Odete da Silva Souza foi localizada em Araraquara, também no interior, e já fez contato com a mãe, que mora na região de Maringá, no Paraná. Ela disse que não fala com Iva há mais de 40 anos e não a vê há ainda mais tempo. Segundo ela, Iva deixou a casa dos pais, em Colorado (PR), quando tinha cerca de 17 anos na esperança de conseguir trabalho em uma cidade maior.
Segundo relato de Odete, eles eram em dez filhos e Iva, a mais velha, trabalhava na lavoura com os pais. Ela quis sair de casa para ter salário e ajudar a família. Outra irmã teria chegado a conversar com a vítima após a viagem, mas achou que estava tudo bem. Na juventude, Iva trabalhou como doméstica, mas a cidade era desconhecida da família.
Os parentes registraram o desaparecimento na polícia do Paraná em 1996, depois de não ter mais notícias de Iva. A Polícia Civil encontrou Odete usando as poucas informações dadas pela mulher e após buscas na internet. Nesta tarde, era providenciada a viagem de Odete até Vinhedo para fazer o reconhecimento formal da irmã.
Conforme a assistente social Giorgia Bezerra, que atende Iva na casa de acolhimento para idosos da prefeitura de Vinhedo, será preciso aguardar o resultado dos exames para promover o encontro entre as irmãs. "Queremos fazer isso o mais rápido possível, mas ainda esperamos o laudo da avaliação psicológica o resultado de exames para ver se ela está em condições de saúde e psicológicas para reencontrar a família."
De acordo com Giorgia, a vinda da mãe também está sendo providenciada. "Vamos conversar com a irmã e com a mãe assim que elas estejam na cidade a avaliar se já é o caso dela retornar ao convívio dos familiares, o que seria ideal", afirmou
A assistente social disse que Iva viveu durante muitos em isolamento social, por isso houve a necessidade de encaminhamento ao serviço de atendimento do município. "As condições em que ela e a outra mulher, ainda mais idosa, se encontravam eram de muito risco", disse. "Ela sequer sabia em que bairro ou em que cidade ela estava, mas parecia resignada com a situação. Tanto que os policiais civis demoraram para perceber que havia algo errado."
Os agentes da Polícia Civil foram à casa onde a idosa estava em cárcere privado ao investigarem a emissão de cheques sem fundo no comércio local. Os cheques haviam sido emitidos em nome de Iva pelo casal Júnior e Marina, que haviam aberto uma conta bancária usando os documentos da mulher.
No local, estavam apenas duas idosas: Iva e a mãe de Marina, de 88 anos, que é cadeirante. A situação causou desconfiança nos agentes, mas eles só se deram conta de possível crime quando Iva pediu ajuda. O casal chegou logo depois e acabou detido.
Segundo a Polícia Civil, a mulher trabalhou durante muitos anos como doméstica para os pais de Marina, mas quando o homem morreu, há cerca de 18 anos, com a esposa já idosa, Iva passou a ser tratada pela filha e genro deles em condições semelhantes à de escravidão. Ela teria sido agredida e impedida de sair, sendo obrigada a trabalhar em troca de comida.