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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
BRASIL - O presidente Jair Bolsonaro sinalizou que não fechou as portas para o recebimento de recursos. Depois da cobrança por verbas feita por governadores da Amazônia Legal em reunião realizada nessa terça-feira (27), o chefe do Executivo federal flexibilizou o discurso e disse que o Brasil está aberto a receber doações, desde que bilateralmente.
Além do dinheiro, o Governo também aceitará suporte para apagar as queimadas na Amazônia. A prova disso é que o Chile vai operar na região com quatro aviões especializados em combate aéreo contra incêndio, destacaram ele e o presidente chileno, Sebastián Piñera, após um café da manhã no Palácio da Alvorada, nessa quarta-feira (28).
Mesmo tendo flexibilizado o tom em relação à ajuda ambiental e financeira, a queda de braço com o presidente da França, Emmanuel Macron, permanece. A ideia é que o Brasil dialogue um eventual recebimento de recursos bilaterais da França, somente após Macron se retratar sobre tê-lo chamado de mentiroso e por ter sugerido uma “internacionalização” da Amazônia. “Somente após ele se retratar do que falou no tocante à minha pessoa, que representa o Brasil perante a lei, e bem como ao espírito patriótico do nosso povo, que não aceita relativizar a soberania da Amazônia. Em havendo isso aí, sem problema nenhum voltamos a conversar”, disse.
O exemplo da aceitação de doações bilaterais foi sinalizado na terça, quando o governo deu sinal verde para receber 10 milhões de libras (cerca de R$ 50,7 milhões) do Reino Unido. Em contrapartida, verbas por vias multilaterais, como do G-7, não serão aceitas. “Quando vocês olham pro tamanho do Brasil, a oitava economia do mundo, parece que 20 milhões de euros é o nosso preço. O Brasil não tem preço. 20 milhões ou 20 trilhões é a mesma coisa pra nós. Qualquer ajuda de forma bilateral nós podemos aceitar, até porque, no futuro, podemos, também, ajudar um outro país que tenha um problema”, destacou Bolsonaro.
Colaboração
Participante da reunião da cúpula do G-7 no último fim de semana, Piñera, o único presidente latino-americano presente como convidado, sustentou que o Chile está empenhado em poder ajudar e organizar a colaboração de outros países que queiram aportar recursos ao Brasil. Admitiu que a doação de 20 milhões de euros sinalizada pelas sete nações mais ricas do mundo é um bom reforço e será bem vinda, desde que respeitada a soberania do Brasil e de Bolsonaro. “Cada país sabe que colaboração quer prosseguir e que colaboração não quer prosseguir”, avaliou.
Mesmo com um tom mais diplomático e evitando críticas a Macron, Piñera também defendeu que a soberania de todos os outros países seja respeitada. “A Amazônia captura 1/4 de carbono que se emite no mundo. É um verdadeiro paraíso da biodiversidade e uma fábrica de oxigênio. Por isso, todos queremos (o bem da) a Amazônia. Mas os países amazônicos, que são nove, entre os quais o mais importante em tamanho é o Brasil, têm soberania sob a Amazônia. Temos de reconhecer isso sempre. Portanto, são os principais interessados e responsáveis em cuidar e proteger as florestas e a biodiversidade”, alertou.
Encontro
A reafirmação da soberania sob a Amazônia “despertou o sentimento patriótico” não apenas do “povo” brasileiro, “bem como de outros países aqui da América do Sul fronteiriços na região amazônica, destacou Bolsonaro. Em decorrência disso, foi agendada uma reunião com os chefes de Estado dessas nações para 6 de setembro.
“Estaremos reunidos, os presidentes, exceto o da Venezuela (Nicolás Maduro), para discutir uma política única nossa de preservação do meio ambiente e bem como exploração de forma sustentável da nossa região. Então, a gente lamenta a péssima imagem que foi potencializada pelo senhor Macron, inverídica, sobre nossa imagem”, declarou. A previsão é que o encontro ocorra em Letícia, na Colômbia.