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porto velho, sexta-feira 29 de novembro de 2024
BRASIL - A família de Ana Flávia Menezes Gonçalves, 24 anos, afirma ter convicção de que ela e sua namorada, Carina Ramos, 31, participou do planejamento do assalto e também do assassinato dos pais e do irmão dela.
Ana Flávia e Carina foram presas no dia seguinte ao crime, por suspeitas de participação. Na noite de quarta-feira (5), a defesa das duas afirmou que elas confessaram a participação no planejamento do roubo. Ana Flávia e Carina, no entanto, negam envolvimento no triplo assassinato, segundo o defensor Lucas Domingos .
"Elas confessaram ter ajudado no planejamento do assalto, uma confissão em parte. Mas em relação às mortes, realmente extrapolou", afirmou o advogado, em referência ao depoimento dado por Juliano Oliveira Ramos Júnior, 22, preso na noite de segunda-feira, também sob suspeita de participação no crime.
Segundo o preso, que é primo de Carina, as duas autorizaram o assassinato de Romuyuki Gonçalves, 43, da mulher dele, Flaviana, 40, e do filho do casal, Juan, 15.
Primo de Flaviana, Diogo Reis, afirmou, representando a família, como frisou, disse que que os parentes "têm convencimento de que elas participaram de todo o crime".
Ele esteve na manhã desta quinta-feira (6) no COI (Centro de Operações Integradas de Segurança), de São Bernardo, acompanhado pela avó de Ana Flávia, Vera Guimarães, que não falou com a imprensa.
Ambos foram ao local para, segundo ele, serem inteirados pela polícia sobre o andamento das investigações. "Reconhecemos pertences da família, como joias e vídeo game", afirmou.
As joias foram encontradas por policiais militares na segunda-feira, na casa de uma adolescente de 14 anos, em Santo André, também no ABC. A menina foi levada para prestar depoimento na noite de quarta. Ela foi sindicada por receptação de objetos roubados e liberada na madrugada desta quinta.
Já o vídeo game estava com Guilherme Ramos da Silva, preso na segunda-feira.
A reportagem apurou que Michael Robert dos Santos, 25, que também foi preso na segunda-feira, pode ter sua prisão temporária revogada por falta de materialidade de provas que o liguem ao crime. Porém, até a publicação desta reportagem, ele permanecia detido.
Até esta quinta-feira, cinco pessoas haviam sido presas.
A polícia ainda investiga a provável participação de mais quatro pessoas no crime, o que aumentaria para nove o número de suspeitos.
O outro homem levado à delegacia na quarta estaria com um Fiat Palio preto, que a polícia investiga se teria sido usado para auxiliar o bando a fugir do local do crime. Ele foi ouvido e também liberado na madrugada de quinta.
Depoimentos Ramos Junior afirmou à polícia que Carina e Ana Flávia revelaram que a família guardava R$ 85 mil em um cofre na casa onde moravam, no condomínio Morada Verde, em Santo André. Foi aí que o grupo arquitetou assaltar o imóvel, no dia 27, com ajuda de outros comparsas.
Após torturar pai e filho e descobrirem que não havia a quantia em dinheiro dentro do imóvel, os bandidos decidiram matar as três vítimas com o aval da filha e da namorada, sempre de acordo com o depoimento do preso, o que a defesa delas nega. O objetivo seria pegar uma suposta herança.
Versões
A versão dada por Ana Flávia e Carina na quarta-feira foi a terceira desde que foram presas. Primeiro, logo após a descoberta dos corpos, elas disseram em depoimento à polícia que a família teria sido morta por uma dívida de R$ 200 mil com agiotas.
Na última sexta (31), Carina disse que a morte das vítimas havia ocorrido após um assalto à casa, arquitetado pelo primo dela, Ramos Júnior, e que não tinham revelado nada antes porque tinham sido ameaçadas pelo rapaz.
Agora, as duas assumem que participaram do assalto, mas negam qualquer ligação com a morte de pai, mãe e filho.
O crime A família foi rendida na noite do dia 27 em casa, em um condomínio de Santo André. Seus corpos foram encontrados no porta-malas do carro em chamas da família, um Jeep Compass, na madruga seguinte, na estrada do Montanhão, em São Bernardo.
Um laudo preliminar do Instituto Médico Legal indicou que pai, mãe e filho foram mortos em decorrência de pancadas na cabeça. O primo de Carina, porém, afirmou que os dois homens foram assassinados por asfixia.
A casa foi encontrada toda revirada pela polícia. E a perícia achou marcas de sangue, inclusive nas calças de Ana Flávia, que havia sido lavada.
A defesa dos demais presos não foi encontrada até a conclusão desta reportagem.