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    porto velho, sábado 4 de maio de 2024

Filha sonha com mãe que morreu de Covid e encontra diário escrito durante internação

Maria Célia da Cunha Oliveira, de 52 anos, ficou internada durante 30 dias em Sorocaba (SP), mas não resistiu à doença.


g1

Publicada em: 12/08/2021 14:48:00 - Atualizado

As palavras se tornaram um refúgio para Maria Célia da Cunha de Oliveira, de 52 anos, no período em que esteve internada com Covid-19. Em um diário, ela eternizou a imensidão do amor que sentia pela família, as memórias do conforto de casa, a rotina do hospital e algumas lições para a vida.

Tudo foi registrado no diário que ela escreveu quando estava internada na enfermaria da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden, em Sorocaba (SP). Foram 30 dias lutando contra a doença, mas Maria Célia não resistiu e morreu no dia 28 de junho.

Ao site, a filha dela, Mariane Alves de Oliveira, de 30 anos, contou que Maria Célia permaneceu 15 dias na UPA do Éden. Ela foi intubada no dia 12 de junho e depois foi transferida para a UTI da Santa Casa de Sorocaba. Um dia antes de a mãe ser intubada, a filha conta que teve um sonho que a ajudou a encontrar o diário.

"Eu sonhei com ela e no sonho eu vi ela, perfeitamente. Ela me disse que havia escrito para mim e que eu precisava encontrar. Eu fui na UPA do Éden, mas não entregaram nada. Fui à Santa Casa, mas só entregaram uma coberta dela. Eu mandava cartas para ela todos os dias e isso não voltou pra mim."

O caderno apenas chegou às mãos de Mariane após a morte da mãe. Ela tentou recuperar o pertence duas vezes e, no dia 29 de de junho, disse aos funcionários do hospital que não iria sair do local se não entregassem as cartas e o diário que a mãe havia deixado.

"Depois, realmente, veio escrito assim: 'Para Mariane'. Foi o que me confortou porque eu estava arrasada e ainda estou. A gente se confortou por ver o quão forte ela foi. Minha mãe nunca gostou de coroa de flores, ela disse que era para comprar pizza no velório, que pizza ela gostava muito. Ela foi tão forte nas palavras."

Segundo Mariane, na primeira vez que ela fez videochamada com a mãe, ela prometeu que mandaria cartas todos os dias, que foi um pedido feito pela mãe. Ao todo, a filha enviou 17 cartas, fotos dos filhos, desenhos, tudo para acalentar o coração diante da saudade que a distância provocava.

"Minha mãe era muito fechada, ela nunca escreveu, até em rede social nunca teve hábito de escrever. Ela mais falava, mandava áudio, mas escrever era raro e escrever dessa maneira que ela escreveu. Se eu não tivesse sonhado eu nem iria imaginar."


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