Fundado em 11/10/2001
porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
PORTO VELHO-RO: Inaugurada em 2013, a Escola Municipal Bilíngue completou dez anos de funcionamento em Porto Velho no último mês de abril. Com 156 alunos matriculados, a instituição é a única em Rondônia voltada à educação infantil e ensino fundamental que ensina a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e promove a educação inclusiva, especialmente para alunos com deficiência auditiva.
“A escola fica um pouco longe da nossa casa, mas é a melhor opção pra ela, já que ela entrou aqui sem saber nada de Libras. Já estamos percebendo a grande diferença, ela está se comunicando muito mais. Por isso estamos nos empenhando em aprender também, pra acompanhar”, conta Neide Souza, mãe da aluna Eloah, de 6 anos, que tem deficiência auditivo.
A escola atende alunos surdos e ouvintes, entre 4 e 10 anos de idade, em classes de pré I e II, educação infantil e o ensino fundamental do 1º ao 5º ano. A titular da Secretaria Municipal de Educação de Porto Velho (Semed), Gláucia Negreiros, conta que o instituto atua para proporcionar equidade de ensino para todos os alunos da cidade.
“Uma escola bilíngue representa a garantia do direito de todas as crianças, independente de ter ou não algum tipo de deficiência, e essa é uma competência do poder público. E nós, enquanto Prefeitura de Porto Velho, buscamos isso e que realmente exista na rede municipal uma educação inclusiva verdadeiramente”, declara.
A diretora da escola, Sirleia Araújo, explica que os professores trabalham com as duas modalidades da Libras denominadas L-1, a primeira língua (sinais) e L-2, que é o português na modalidade escrita.
“O professor planeja as aulas utilizando vídeos, imagens, cria jogos didáticos e adapta materiais. Alguns chegam precisando de apoio e a escola trabalha essa capacitação”, explica Sirleia. A diretora acredita que o principal desafio é a aceitação do aluno com deficiência auditiva, mas isso os professores tiram de letra. “Se você aceita o surdo você aceita a língua dele e entende a necessidade dele, que é a linguagem para entendê-lo”, diz.
A diretora ainda explica que as matrículas são feitas via chamada escolar, contudo, crianças com algum grau de surdez têm prioridade de vaga na escola Bilíngue.
CONQUISTAS DO FUTURO
A escola conta com uma equipe de educadores mestres e doutores, alguns fluentes em Libras e outros surdos. Inclusive, os estagiários da educação que possuem deficiências auditivas são recebidos na instituição.
A professora Kátia Cilene é surda e atua na escola desde a sua fundação em 2013. Ela conta que a oferta da Escola Bilíngue dá oportunidades para muitos porto-velhenses.
“Tive a sorte de conseguir estudar na Instituição Nacional dos Surdos, no Rio de Janeiro, mas essa não é a realidade de muitos no Brasil. A Escola Bilíngue, além de ser oportunidade para os alunos surdos, também oferece opção de trabalho aos professores surdos. É importante ter professores assim, para que as crianças vejam adultos surdos bem desenvolvidos e entendam que também podem conquistar seu futuro”, disse.
LIBRAS COMO DISCIPLINA
Conforme o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Rondônia existem 55 mil pessoas surdas e todas necessitam dessa inclusão por meio da linguagem.
Para tentar diminuir essa desafazem entre os alunos ouvintes e surdos, a secretária de Educação de Porto Velho, Gláucia Negreiros, explica que estudos de como implementar a Libras como disciplina em escolas são feitos, além de capacitações para os servidores da rede municipal de ensino.
"Estamos implementando ações de formação em Libras para todos os profissionais que atuam na educação, tanto por contratação terceirizada, quanto por professores da Escola Bilíngue, a fim de difundir o ensino da língua em outras escolas", explicou Gláucia.
A escola está localizada à rua Litorânea, nº 4898, bairro Flodoaldo Pontes Pinto, zona Norte da cidade.