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porto velho, domingo 30 de março de 2025
PORTO VELHO, RO - Em uma triste e dolorosa história de negligência médica, Josy Pimentel Daniel, de 25 anos, residente em Porto Velho, Rondônia, perdeu seu filho prematuro em um parto que ela descreve como repleto de erros médicos e falta de respeito. Natural do estado do Maranhão, Josy vivia em Porto Velho há quase um ano, quando descobriu que estava grávida de seu primeiro filho, em setembro de 2024. Porém, essa alegria logo foi marcada por dificuldades.
Após a descoberta de que sua gravidez estava em risco, Josy passou por três internações no Hospital. A primeira delas, entre 24 de janeiro e 3 de fevereiro de 2025, a segunda de 13 de fevereiro a 5 de março e a última de 11 de março a 26 de março, todas devido a complicações graves, como perda de líquido amniótico e episódios de sangramento, diagnosticados como bolsa rota. Os médicos tentaram, ao longo das semanas, manter a gestação até que o bebê alcançasse 34 semanas, o que possibilitaria a realização de um parto seguro. No entanto, a situação se agravou.
Em 24 de março de 2025, Josy começou a entrar em trabalho de parto, com apenas 30 semanas e 2 dias de gestação. O bebê estava na posição pélvica, o que aumentava ainda mais os riscos, e havia pouco líquido amniótico. Os exames de ultrassom mostravam que ele estava sentado, uma posição que impossibilitava o parto normal. Mesmo assim, os médicos decidiram não realizar a cesárea, procedimento recomendado para esse tipo de situação. Em vez disso, Josy foi submetida a um parto normal, o que resultou em uma série de complicações.
“Arrancaram meu filho de forma brutal, sentado, e o fizeram de maneira desrespeitosa”, conta Josy com lágrimas nos olhos. “Eles não quiseram fazer a cesárea, mesmo sabendo dos riscos. Meu filho nasceu roxo, quase sem vida. Ele teve a clavícula quebrada, o pescoço machucado. Foi uma cena terrível.”
Após o parto, o bebê foi imediatamente levado para a UTI neonatal, entubado devido a dificuldades respiratórias causadas pela prematuridade. “Ele viveu por 14 horas”, relata Josy, visivelmente abalada. “Ele reagiu, mas não resistiu. Ele foi arrancado de mim de uma forma tão violenta, que eu não consigo entender como isso pôde acontecer.”
O relato de Josy é uma denúncia de negligência médica e desrespeito no tratamento de sua gestação. Ela conta que, além das graves falhas no atendimento, as profissionais de saúde se recusaram a fornecer informações essenciais sobre o caso. “Eles não quiseram entregar meus exames de ultrassom realizados no hospital. O nome das médicas envolvidas na negligência não consta nos documentos da denúncia que fizemos na ouvidoria do hospital”, afirma.
A denúncia foi formalizada, mas, segundo Josy, o hospital tem dificultado o processo.
O episódio levanta questões sérias sobre a qualidade do atendimento médico em hospitais públicos, e a necessidade urgente de medidas para garantir que tragédias como essa não se repitam. A dor de Josy é uma lembrança do impacto devastador que a negligência pode causar, não apenas à saúde das mães, mas também à vida de seus filhos, que muitas vezes não têm a chance de sobreviver devido a falhas que poderiam ser evitadas.
Josy, agora em luto, busca justiça. “Eu quero que as pessoas saibam o que aconteceu com a gente. Não posso trazer meu filho de volta, mas espero que minha história sirva para que isso não aconteça com mais ninguém.”
A situação exige uma resposta urgente das autoridades, para que casos de negligência médica sejam devidamente apurados e responsabilizados, e para que as famílias não passem por uma dor como a de Josy.