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    porto velho, terça-feira 30 de dezembro de 2025

O fiasco do pastor no Porto Velho shopping - por Arimar Souza de Sá

Nas redes, não houve conversão, só contrição de seus correligionários em vê-lo daquele jeito...


Redação

Publicada em: 30/12/2025 11:10:52 - Atualizado


O fiasco do pastor no Porto Velho shopping


Arimar Souza de Sá

Quando a política fica sem ideias, ela apela para o circo. Em Porto Velho, um vereador — pastor por conveniência e artista por vocação tardia — resolveu misturar folclore, ridículo e sandália havaiana. O palco: O Porto Velho shopping; o figurino, invisível; o número, inesquecível pelo constrangimento que causou.

Em meio às luzes de Natal, renas de plástico e um Papai Noel, ao seu lado, provavelmente pedindo exoneração, lá estava ele, celular em punho e olhar messiânico, diante da vitrine da Havaianas. O templo do consumo virou arena teológica. A borracha, marxista. O chinelo, militante de esquerda. O marketing, conspirador. O Anticristo, tudo indica, abriu filial no setor calçadista da capital rondoniense.

Veio então o gesto histórico: o pastor pulou com uma perna só — a direita, claro — como quem ordena ao rebanho: “Sigam-me, mesmo mancando, mesmo passando vergonha”. Foi o milagre ao contrário. Nada de água em vinho. Em poucos segundos, o pastor transformou mandato em meme, protesto em piada e dignidade em nota de rodapé do riso alheio diante de um shopping lotado.

Seu rebanho, claro, não acompanhou. Alguns baliram de riso. Outros perguntaram se aquilo contava como atividade parlamentar ou apenas mais um culto performático pago pelo contribuinte no recesso de fim de ano. O pastor tentou lacrar, mas escorregou na própria vaidade e caiu sentado na caricatura que criou de si mesmo.

Nas redes, não houve conversão, só contrição de seus correligionários em vê-lo daquele jeito. O vídeo virou chacota e, arrependido, o protagonista apagou o registro, como quem confessa rápido a ‘cagada’ esperando absolvição. Inútil. A internet não perdoa, nem esquece e os cronistas, muito menos.

Consta, que, dias depois, triste sorumbático, lá estava ele no culto, agora sim de Havaianas nos pés, bíblia nas mãos, talvez em penitência, talvez em homenagem involuntária ao chinelo que o derrotou. Fé ou ironia divina, ninguém sabe o que passou pela cabeça dele.

Assim, cravou seu nome no folclore político de Porto Velho fechando o ano de 2025 — não pela palavra, não pelo trabalho, muito menos por qualquer legado legislativo. Entrou para a história menor, a das anedotas, como o homem que travou batalha contra um simpes par de sandálias e saiu derrotado.

O episódio deixou no ar, por fim, um gosto amargo e constrangedor: a capital precisa de menos palhaçada, menos espetáculo vazio e mais parlamentares com os pés fincados na realidade social, capazes de pisar em chão firme — não de escorregar, de Havaianas, para fazer graça no lamaçal do ridículo.

AMÉM!


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