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porto velho, sexta-feira 22 de novembro de 2024
PORTO VELHO-RO: A campanha “Tô de Volta”, lançada pela Prefeitura de Porto Velho, está resgatando os alunos que se afastaram das atividades escolares durante a pandemia. O trabalho consiste em fazer visitas às famílias dos estudantes, entregar kits de alimentos e fazer a conscientização sobre a importância da educação das crianças, apesar das restrições vigentes no momento. As atividades presenciais nas escolas estão suspensas desde março de 2020, devido a pandemia da Covid-19.
A estratégia da Secretaria Municipal de Educação (Semed) consiste em entregar, nas residências dos alunos, as atividades impressas e kits escolares, além de alimentos que integram a merenda escolar obrigatória. Na ocasião, as equipes orientam os pais e responsáveis sobre a educação das crianças.
VULNERABILIDADE
As equipes encontram situações como a de Sebastiana Rodrigues, que ficou responsável pela criação dos netos após circunstâncias que os privaram da presença dos pais. A idosa, de 66 anos, mora em uma casa simples no bairro Baixa da União e desde o início da pandemia precisou dedicar um tempo para auxiliar no aprendizado das crianças. “Mesmo não sabendo muita coisa, tiro um horário do dia para ensinar as crianças. Precisei buscar na memória algumas informações para ajudar meus netos nas atividades da escola”, afirma.
A realidade da família de Sebastiana ilustra os efeitos da pandemia na educação pública. Do dia para noite, pais e responsáveis passaram a dividir a tarefa com os professores. Os docentes e gestores tiveram que se adaptar às novas ferramentas digitais e encontrar outros meios físicos para alcançar os alunos sem conexão à internet.
“São pais e estudantes que se encontram em situação de vulnerabilidade social e, por isso, não conseguem acompanhar ou buscar as atividades impressas na escola. Alguns não têm acesso à internet ou um aparelho celular”, explica a secretária municipal de educação, Gláucia Negreiros.
VÍNCULO
A Escola Municipal Khrys Damaris, localizada no bairro Areal, atende a mais de 100 crianças do ensino infantil. A disparidade social e econômica de algumas famílias fez com que a direção da escola fosse uma das primeiras a iniciar as visitas e entregar os materiais.
“Precisamos sair da escola e ir aos lares ver a realidade desses alunos. Procuramos estreitar o vínculo com os pais e responsáveis para que eles entendam a importância de vir recolher as atividades e a merenda que o aluno tem direito”, detalha a diretora da escola, Paula Muneratti.
O filho da Aline Bernardo, de quatro anos, iniciou os estudos em meio à crise sanitária e ainda não conhece o ambiente escolar. A dona de casa conta que nem sempre pode recolher as atividades do filho na escola e elogia a ação da Prefeitura.
“É bom ver que a escola se preocupa com os alunos. Como mãe, faço o que posso, mesmo não sendo uma profissional da educação. Pela rotina, às vezes eu não consigo buscar as atividades. Tenho esperança de que meu filho logo estará em sala de aula”, relata a mãe.