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porto velho, quinta-feira 5 de dezembro de 2024
A ambição pelo Poder e a erosão dos valores humanos - por Arimar Souza de Sá
RONDÔNIA: O poder, é imanente a vida dos homens, e uma das forças mais sedutoras da humanidade. Sua promessa de controle, influência, imortalidade social e o cerco de bajuladores, tem levado indivíduos a atravessar fronteiras éticas, muitas vezes abandonando os valores que outrora os definiram e as pessoas que lhes eram mais caras.
A história da humanidade é marcada por incontáveis exemplos de pessoas que, ao alcançarem posições de prestígio, sacrificaram sua integridade e biografia, traíram aliados e desprezaram aqueles que os apoiaram durante toda uma jornada.
E o pior! Homens que um dia carregaram a chama da ética e da integridade frequentemente se deixam queimar pela ambição, transformando seus valores em lixo puro, puro lixo.
A trajetória do poder, para muitos que na jornada se embriagam por ele, deixa de ser uma caminhada de serviço e se torna uma corrida desenfreada onde vencer é mais importante do que como se acessa à linha de chegada.
Ao longo da história, o poder tem agido como um espelho mágico, refletindo não a imagem que o homem deseja projetar, mas sua verdadeira essência. Muitos, ao olharem para esse espelho, veem surgir uma figura que eles próprios desconhecem: alguém disposto a vender a alma, quebrar velhos laços e abandonar princípios para permanecer no topo.
Na política, nas corporações e até em disputas menores, o cenário se repete: valores são negociados, amizades são descartadas, e o caráter quando é mercadejado, sucumbe a preços baixos e muitos atores ainda fazem abatimento.
Em Rondônia, a história não é diferente. Figuras públicas que começaram suas trajetórias com promessas de renovação e discursos éticos acabaram cedendo ao fascínio do poder. Alguns, eleitos com o apoio popular e vistos como modelos de honestidade e integridade, se embriagaram com a autoridade que alcançaram e, em vez de usarem o poder para servir, passaram a usá-lo como instrumento de autopromoção e interesses pessoais, afastando-se das bases que os elegeram e esquecendo os compromissos assumidos. Esses homens, que outrora inspiravam confiança, tornaram-se exemplos de como a ambição desenfreada pode corroer até mesmo as fundações mais sólidas de caráter, mas acabaram não indo muito longe.
Recentemente, tivemos eleições em Porto Velho, e sem reação indignada vimos quem estava na banda, bandear sem cerimônia, na maior 'cara de pau'. Quem se elegeu fazendo oposição, agora já é situação desde criancinha e, assim, o caráter se esvai do dito cujo, pulando de galho em galho em busca da laranja mais bela.
Homens que passaram a vida construindo reputações sólidas, alicerçadas em honestidade, nas terras de Rondon, transformam-se em sombras do que já foram. O poder, como uma droga viciante, insinua-se nas veias da ambição e faz o homem acreditar que precisa sempre de mais e mais, custe o que custar.
Por outro lado, a sociedade, como uma espectadora impotente, observa essa peça trágica se repetir ao longo do tempo e espaço, mas muitos ainda teimam em apostar nos chamados picaretas.
Com isso, a confiança é traída, a esperança enfraquecida, e a percepção de liderança se reduz a um jogo de máscaras onde os verdadeiros valores se perdem no palco da ganância, reforçando a ideia de que integridade e poder parecem mesmo ser incompatíveis, porém, tem muita gente que não aprende.
Mas será mesmo inevitável que o poder corrompa? Talvez o problema não esteja no poder em si, mas do berço de onde o homem veio, e na forma como ele é compreendido e usado por ele.
Não obstante, o resgate desses valores exige coragem! Coragem para nadar contra a corrente da ambição desmedida, para olhar no espelho do poder e reconhecer as falhas sem sucumbir a elas. Na seara política quem está investido de poder, pode atirar a primeira pedra?
É preciso lembrar que o poder não define o homem; é o homem quem deve moldar o poder. Somente assim será possível transformar a sociedade, criando lideranças que inspirem pelo exemplo e não pelo medo de sua caneta.
O poder, como a própria vida, é efêmero, todo mundo sabe. Cabe ao homem decidir se usará sua breve influência para construir pontes ou erguer muros para plantar sementes, ou alimentar o caos ao seu redor.
Enfim, o verdadeiro legado, CREIAM, não é o poder acumulado e nem a busca desenfreada por ele, mas as pontes construídas, as vidas tocadas e a memória deixada no caminho e que sobreviverá ao tempo.
AMÉM!
O autor é jornalista, advogado e apresentador do Programa A VOZ DO POVO, da Rádio Caiari FM, 103,1.