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porto velho, quinta-feira 31 de julho de 2025
BRASIL: Conforme os dias avançam, aumenta a tensão por parte de empresários e produtores brasileiros em relação às taxas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos do país. Segundo comunicado do presidente norte-americano, Donald Trump, a medida entra em vigor nesta sexta-feira (1).
Com um discurso em defesa da soberania, o governo tem se mostrado distante das negociações diplomáticas, na opinião de produtores, e o clima é de incerteza.
De acordo com o presidente da ABCM (Associação Brasileira de Citros de Mesa), Carlos Alberto Lucato, representante do setor de laranja — fruta usada para produção do suco bastante consumido nos EUA —, o enfrentamento do governo não ajuda os produtores e é perigoso.
“Se fosse um outro produto e o governo falasse ‘olha, não vamos aceitar o que eles estão impondo, mas temos uma solução interna’, [poderia haver saída]. Mas não há essa solução interna para o nosso setor, esse é o problema. Se houver esse enfrentamento político e não chegar uma solução, o mercado interno vai sofrer”, avalia Lucato.
O economista Euzébio de Sousa destaca que muitos empresários operam em segmentos altamente dependentes do mercado norte-americano, como é o caso da laranja, e a adoção de contramedidas pode gerar impactos negativos.
“Além disso, há o temor de que a retaliação brasileira leve a uma escalada de tensões e represálias por parte dos Estados Unidos — o que poderia afetar tanto exportadores quanto importadores brasileiros”, avalia.
Desde a semana passada, quando foi criado um comitê para discutir o tema, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, já recebeu mais de 120 líderes empresariais.
Nos primeiros seis meses da safra 2024/25, o total das exportações brasileiras de suco de laranja foi de 535.604 toneladas. Já o faturamento com as exportações entre julho e dezembro de 2024 atingiu US$ 1,88 bilhão.
Lucato explica que cerca de 80% das laranjas cultivadas no Brasil vão para a produção de suco e, no ano passado, mais de 40% da bebida foi exportado foi para os EUA.
Para ele, a situação se agrava porque não é uma questão econômica, e sim política, portanto, o diálogo é o melhor caminho para uma solução rápida.
“A gente depende dessa solução política para não ter a tarifa, porque, se houver, a gente vai sofrer no curto prazo. Esse é o diagnóstico do setor. Estamos realmente muito preocupados com a situação”, declara.