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porto velho, domingo 10 de novembro de 2024
BRASIL - A pandemia teve forte efeito no setor cultural. Em 2020, o segmento perdeu cerca de 620 mil (-11,4%) profissionais, na comparação com o ano anterior, de acordo com dados apresentados nesta quarta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 2019, 5,46 milhões de pessoas trabalhavam em atividades culturais, o que representava 5,8% do total de ocupados. No ano passado, eram 4,84 milhões (5,6%), invertendo ganho crescente do setor desde 2016.
O Sistema de Informações e Indicadores Culturais aponta ainda para um percentual maior de postos de trabalho (-11,2%) do que o total da população ocupada no setor (-8,7%).
Entre 2019 e 2020, as atividades relacionadas à cultura que mais perderam pessoal ocupado foram moda, o setor moveleiro, impressão e reprodução, as atividades relacionadas a eventos, recreação e lazer.
Já as ocupações que mais fecharam postos de trabalho foram organizadores de conferências e eventos; alfaiates, modistas, chapeleiros e peleteiros; marceneiros e afins; profissionais da publicidade e da comercialização.
Leonardo Athias, analista responsável pela pesquisa, explica que a pandemia desacelerou a economia e atingiu o setor. "Isso ficou ainda mais evidente no segmento de eventos e recreação, com o fechamento total de casas de espetáculos, cinemas, teatros e outros equipamentos culturais, com a menor mobilidade das pessoas para controle do vírus”, afirma ele.
A pesquisa mostra ainda que o rendimento médio mensal do trabalho dos ocupados em atividades culturais subiu para R$ 2.478, um aumento de 3,6% em relação a 2019. Os ganhos do setor, inclusive, foram maiores que a média do total das atividades produtivas (R$ 2.372). Apesar do aumento da renda, a massa salarial dos trabalhadores da cultura recuou 8%, passando de R$ 13,1 bilhões, em 2019, para R$ 12,1 bilhões, em 2020.
Maior categoria de ocupados do setor cultural, o trabalhador por conta própria atingiu 41,6% em 2020, seguido dos empregados do setor privado com carteira (37,7%) e dos sem carteira (11,3%). Os empregados do setor privado sem carteira e os por conta própria, categorias mais associadas com a informalidade, perderam participação relativa na ocupação da cultura.
“A pandemia destruiu mais postos de trabalho informais do que formais. Apesar de um perfil com maior nível de instrução, houve mais trabalhadores em ocupações informais no setor cultural do que em todos os setores juntos. Em 2020, esse percentual foi de 41,2% dos ocupados no setor cultural e 38,8% dos ocupados em todos os setores”, observa Athias.
Os estados com os maiores percentuais de informalidade no setor cultural, em 2020, foram Amapá (71,3%), Pará (67,7%) e Maranhão (64,9%), enquanto Santa Catarina (24,9%), Rio Grande do Sul (28,4%) e São Paulo (34,9%) apresentaram os menores percentuais.