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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
O dólar subia 1,07%, cotado a R$ 4,968, por volta das 10h20 desta sexta-feira (10), depois da inflação dos Estados Unidos em maio superar as expectativas do mercado, voltando a acelerar e atingindo o maior valor desde 1981 no acumulado de 12 meses: 8,6%.
O resultado reforça apostas em um ciclo mais extenso de alta de juros pelo Federal Reserve, com uma taxa terminal entre 3,25% e 3,5% em 2023 passando a liderar as apostas. O dólar é favorecido pelo cenário, já que os juros maiores atraem mais investimentos.
No mesmo horário, o Ibovespa caía 1,53%, aos 105.453 pontos, refletindo tanto as novas expectativas em relação aos juros norte-americanos quanto a queda do minério de ferro na China após novas restrições, afetando ações de mineradoras e siderúrgicas.
A Eletrobras também está na ponta negativa nesta sessão, após precificar em R$ 42 as ações que serão ofertadas para concluir seu processo de capitalização. O valor, apesar de superior ao mínimo exigido pelo governo, foi menor que o do último fechamento de mercado, na casa dos R4 43.
Internamente, a semana foi marcada pelo retorno do risco fiscal, com um novo projeto do governo federal que busca reduzir os preços dos combustíveis a partir de isenções de impostos federais e estaduais, com compensação financeira para os estados.
A equipe econômica estima um impacto de cerca de R$ 40 bilhões nas contas públicas, e o mercado teme que o teto de gastos possa ser desrespeitado, levando a uma retirada de investimentos.
Já no exterior, novas restrições contra a Covid-19 na China e a sinalização do Banco Central Europeu (BCE) de duas altas de juros em julho e setembro também aumentaram as preocupações sobre uma desaceleração econômica global com altas de juros em diversos países, prejudicial para mercados como o brasileiro.
O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2022.
Na quinta-feira (9), o dólar fechou em alta de 0,53%, a R$ 4,916. Já o Ibovespa caiu 1,18%, aos 107.093,71 pontos, no menor patamar desde 19 de maio.
Os investidores ainda mantém uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.
A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A autarquia já chegou a descartar altas de 0,75 ponto percentual nos juros, ou um risco de levar a economia do país a uma recessão, mas sinalizou ao menos mais duas altas de 0,5 p.p.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Ao mesmo tempo, o mercado acompanha os dados sobre a economia do país para entender o quão agressivo o Fed poderá ser no processo.
A confirmação da contração da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre, por exemplo, reforçou a visão de que a autarquia não deveria ser tão agressiva na alta de juros quanto o previsto. Já a inflação de maio sinalizou um quadro mais negativo, reforçando apostas de juros terminais maiores.
Por outro lado, com o fim do lockdown na cidade chinesa de Xangai e alívio nas restrições na capital Pequim, a expectativa é que a demanda chinesa retorne aos níveis anteriores, o que voltou a favorecer exportadores de commodities e aliviou uma parte das pressões sobre o real.
Com as duas novidades, o Ibovespa e o real encontraram espaço para valorização entre o fim de maio e o começo de junho. Entretanto, a combinação de um cenário doméstico pior com o retorno de um risco fiscal e a perspectiva no exterior de fortes apertos monetários voltaram a prejudicar o mercado brasileiro.