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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
BRASIL - O volume de vendas do comércio varejista amargou o segundo resultado negativo seguido ao cair 1,4% em junho, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O desempenho negativo apurado pela PMC (Pesquisa Mensal do Comércio) não foi suficiente para reverter o ganho no acumulado do ano, o que faz o setor encerrar o primeiro semestre com alta de 1,4%, na comparação com o mesmo período de 2021, após queda de 3% no segundo semestre do ano passado.
O resultado de junho traz a maior variação negativa para o comércio desde dezembro do ano passado, quando a queda do setor foi de 2,9%. No acumulado dos últimos 12 meses, o comércio apresenta perda de 0,9%, o segundo mês consecutivo no campo negativo na base de comparação, o que não acontecia desde agosto de 2017.
Com as variações, o setor varejista figura em um nível 3,3% abaixo do máximo da série, registrado em outubro de 2020, e 1,6% acima do patamar de fevereiro de 2020, o último mês sem nenhuma medida restritiva para conter o avanço do novo coronavírus no Brasil.
No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e material de construção, a retração no período foi de 2,3%. Tanto o setor de veículos e motos, partes e peças (-4,1%) quanto o de material de construção (-1%) recuaram.
A retração do comércio em junho, na comparação com maio, foi disseminada em sete das oito atividades investigadas pela pesquisa. Duas delas tiveram maior influência sobre o índice geral do varejo: tecidos, vestuário e calçados, com queda de 5,4%, e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, segmento que recuou 0,5% no período.
Para Cristiano Santos, gerente responsável pela pesquisa, a atividade de hiper e supermercados teve uma influência importante da inflação ao longo do primeiro semestre do ano, resultado de uma "amplitude menor da inflação", mas o "suficiente para que o volume tivesse uma variação negativa, apesar de a receita ficar no campo positivo”.
O pesquisador também destaca o recuo do setor de tecidos, vestuário e calçados, que ainda segue 9,9% abaixo do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020. A atividade teve uma queda intensa na passagem de maio para junho.
"Ao longo do ano, houve altas ligadas a uma nova estratégia adotada por essas empresas de também se lançar no comércio eletrônico, de fazer vendas virtuais de forma mais forte do que se fazia antigamente, já que, nesse setor, experimentar um produto antes de comprar é muito importante”, analisa Santos.
A única atividade que cresceu na comparação com o mês anterior foi artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+1,3%), aumento ligado aos artigos farmacêuticos e que reflete a alta nos preços dos medicamentos, afirma Santos. "Esse é um tipo de produto que, na maioria das vezes, você não consegue substituir. Isso aumenta o dispêndio de uma família que pode ter que gastar nessa atividade e diminuir o consumo em outras”, explica.
No fechamento do primeiro semestre, seis das atividades acompanharam o crescimento de 1,4% apurado para o período. Entre elas, as maiores variações foram registradas por livros, jornais, revistas e papelaria (18,4%), tecidos, vestuário e calçados (17,2%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (8,4%).
Ainda no primeiro semestre deste ano, apenas duas atividades tiveram queda: móveis e eletrodomésticos (-9,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,8%). Quando considerado o comércio varejista ampliado, o segmento de veículos e motos, partes e peças avançou 0,4%, enquanto o setor de material de construção recuou 7,3%.