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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
BRASIL: O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta sexta-feria (12) a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) Trimestral, que apontou recuo na taxa de desocupação em 22 unidades da federação no 2º trimestre do ano.
A taxa de desocupação do país no segundo trimestre de 2022 foi de 9,3%, recuando 1,8 ponto percentual (p.p.) ante o primeiro trimestre de 2022 (11,1%) e caindo 4,9 p.p. frente ao mesmo trimestre de 2021 (14,2%).
As maiores taxas de desocupação foram da Bahia (15,5%), Pernambuco (13,6%) e Sergipe (12,7%), e as menores, de Santa Catarina (3,9%), Mato Grosso (4,4%) e Mato Grosso do Sul (5,2%).
A taxa de desocupação por sexo foi de 7,5% para os homens e 11,6% para as mulheres no segundo trimestre de 2022. Já a taxa de desocupação por cor ou raça ficou abaixo da média nacional (9,3%) para os brancos (7,3%) e acima para os pretos (11,3%) e pardos (10,8%).
Para Juliane Furno, doutora em desenvolvimento econômico na Unicamp e Economista-chefe do IREE (Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa), parte da redução do desemprego é explicada pela queda no total de pessoas procurando trabalho.
"Além disso a economia brasileira experimentou no ano de 2021 um crescimento do PIB deslocado do crescimento do emprego. Houve variação positiva no Produto Interno Bruto sem geração de postos de trabalho. O que está ocorrendo, neste momento, é o ajuste temporal desse processo, um reflexo de uma recuperação deveras heterogênea", completa.
O rendimento médio real mensal habitual foi de R$ 2.652, mantendo estabilidade frente ao primeiro tri de 2022 (R$ 2.625) e caindo 5,1% ante o mesmo trimestre de 2021 (R$ 2.794). Comparado com o primeiro trimestre de 2022, as cinco grandes regiões apresentaram estabilidade. Já em relação ao segundo trimestre de 2021, Nordeste, Sul e Sudeste apresentaram queda do rendimento médio.
Juliane Furno explica que o cenário de queda no desemprego é acompanhado pela queda na massa salarial dos trabalhadores e se deve à deterioração do mercado de trabalho.
"As crises econômicas tem essa função, elas desarticulam o tecido social, em especial com manutenção por longo tempo de alto desemprego, fazendo com que a retomada da acumulação se dê em patamar qualitativamente superior. O que explica, basicamente é a persistência do desemprego, de formas de desemprego aberto (somando o desalento e a subocupação); as medidas impulsionadas pela reforma trabalhista que flexibilizam a remuneração, a jornada e as formas de contratação e os anos de baixa atividade sindical, ou seja, o menor poder de pressão e barganha dos trabalhadores também contribui para os salários serem espremidos".
A Selic a 13,75% desestimulou a geração de empregos. Com investimentos de renda fixa mais atrativos, além de empréstimos mais caros, o setor produtivo segura investimentos, freando a geração de empregos em todas as áreas, especialmente indústria de transformação e construção.
Com isso, no acumulado de 2022, o setor de serviços lidera a criação de empregos.
"Uma vez que o isolamento social foi bastante descoordenado e desincentivado na esfera federal, a retomada completa das atividades produtivas foi dispersa e errática, e somente agora, com a plena imunização, o setor mais empregador – o comércio e os serviços – estão retomando o nível de atividade pré-pandemia e liderando a retomada dos empregos", pontua Furno.
O setor de serviços brasileiro surpreendeu mais uma vez as expectativas do mercado ao avançar 0,7% em junho, o equivalente a uma variação interanual de 6,3%. O número foi influenciado pela alta de 4 das 5 grandes aberturas, com resultados bastante heterogêneos dentro dos grupos.
"De modo geral, o setor de serviços tem compensado parte das quedas dos demais. Historicamente, indústria e comércio respondem mais rápido e mais intensamente a alterações na Selic do que os serviços", diz Eduardo Vilarim, economista do Banco Original.
Atualmente em 9,3%, a taxa de desemprego medida pelo IBGE pode cair para 8% antes do fim do ano , disse nesta terça-feira (9) o ministro da Economia, Paulo Guedes.
“Antes de o ano acabar nós estamos descendo [a taxa de desemprego] para 8%. Vamos terminar o ano com o menor desemprego que já vimos nesses últimos 10, 15 anos”, declarou o ministro.