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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
BRASIL - O preço do quilo da cebola disparou 135% no último ano, o que tornou o vegetal o item de maior alta na prévia da inflação de outubro, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15).
O relatório foi divulgado na terça-feira (25), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No estado de São Paulo, o preço médio do quilo do alimento saltou de R$ 2,75 a R$ 7,29 entre setembro de 2021 e igual mês de ano, de acordo com o último levantamento do Procon-SP da cesta básica.
O que aconteceu
Segundo especialistas, os agricultores ficaram sem recursos para investir no cultivo e, por isso, reduziram a área plantada. Cerca de 70% da colheita é feita por pequenos produtores familiares.
Isso aconteceu porque, em 2021, houve um excesso de produção, o que diminuiu o preço pago aos produtores, gerando prejuízos, explica Marina Marangon, do Cepea (Centro de Estudo de Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
"Essa redução de área plantada foi focada nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. É uma estimativa de quase 18% de redução em relação ao ano passado. Por conta disso tem essa redução na oferta disponível e os preços estão mais altos", diz Marangon.
Além disso, o setor sofreu com imprevistos climáticos no Nordeste e a alta dos preços das matérias-primas, como defensivos agrícolas e fertilizantes.
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Recuperação
Para Marangon, o preço pode voltar a cair de acordo com o resultado da safra na região Sul do país, que começa em novembro. No Centro-Oeste e no Sudeste, a colheita começa em maio e termina em outubro.
"Óbvio que depende do clima, mas como a área plantada no Sul não deve mudar tanto em relação ao ano passado, podemos ter uma redução dos preços já para novembro e dezembro", argumenta.
Já André Braz, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que os preços só devem começar a normalizar a partir de abril do ano que vem, quando o volume de chuvas deve diminuir e favorecer a produtividade da cebola.
No entanto, a inflação de outros alimentos deve cair até o fim de ano, segundo o especialista.
"O mundo está desacelerando. As grandes economias têm previsão de crescer pouco. E esse baixo crescimento desestimula repasses de preços. A gente tem tendência de ter inflação mais baixa no mundo inteiro", prevê.
"Isso não significa que ter uma inflação mais baixa no final do ano que a gente agora vai melhorar muito, de forma significativa para muitas famílias. Isso acho que fica para o ano que vem. A tendência é que tenhamos uma inflação menor, mas o aperto continue."