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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
O Ibovespa, que abriu o dia em queda, acelerou as perdas na tarde desta sexta-feira (25), enquanto o dólar chegou a bater R$ 5,40, sem trégua nas incertezas relacionadas ao rumo fiscal no país e à equipe ministerial do novo governo, principalmente quem ocupará o Ministério da Fazenda.
O dólar ganhou fôlego após comentários do ex-ministro Fernando Haddad em evento da Febraban, em meio à percepção de que ele é o favorito ao cargo de ministro da Fazenda do novo governo do país.
Por volta das 14h20, o principal índice da bolsa operava em queda de 2,3%, a 109.296 pontos. No mesmo horário, o dólar comercial subia 1,4%, cotado a R$ 5,395 na venda, pouco depois de chegar aos R$ 5,41, na máxima do dia.
Haddad disse que a determinação clara de Luiz Inácio Lula da Silva é dar prioridade total à reforma tributária logo no início do governo, e ressaltou que estava no evento para falar em nome do presidente eleito.
O comentário entre investidores é de que Haddad não deu muitos detalhes sobre como será a postura fiscal do governo Lula, nem sanou dúvidas sobre como será o desenho final da PEC da Transição.
Além disso, a participação do ex-prefeito de São Paulo no evento foi entendida como mais uma evidência de que Haddad será nomeado ao cargo de ministro da Fazenda.
Aos olhos de investidores, Haddad seria inclinado a flexibilizações das regras fiscais do país caso assuma a pasta econômica do governo eleito.
Mas o fôlego não se sustentava nesta sessão, uma vez que segue aberta a questão sobre o ministério de Lula e a PEC da Transição não apresenta avanços concretos, embora a sinalização seja de que o texto final possa ser menos ruim, na visão do mercado, do que a primeira proposta.
A falta de acordo político levou a mais um adiamento da apresentação do PEC que, na melhor das hipóteses, deve ser protocolado pelo autor, o senador Marcelo Castro (MDB-PI), apenas na terça-feira da semana que vem.
Para Werner Roger, gestor e sócio-fundador da Trígono Capital, o mercado está refletindo a preocupação fiscal e ainda o desconforto com o noticiário mostrando Haddad como favorito para assumir a Fazenda.
Ele chamou a atenção para a forte queda de papéis de consumo, varejo e tecnologia, em razão justamente do receio de que um descontrole fiscal possa exigir que o Banco Central adie planos de reduzir a taxa Selic.