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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
BRASIL - Cerca de quatro em cada dez 42% consumidores inadimplentes (42%) se consideraram "muito endividados" durante o segundo semestre de 2022, segundo levantamento divulgado pela empresa de inteligência analítica Boa Vista.
Conforme o estudo, o percentual daqueles que avaliam estar "com a corda no pescoço" saltou 10 pontos percentuais em um ano. Já na comparação com os seis primeiros meses de 2022, o avanço foi de 5 pontos percentuais.
Para 43% dos inadimplentes, as dívidas aumentaram na passagem de 2021 para 2022, ao mesmo tempo em que 42% alegaram uma piora na situação financeira na segunda metade de 2022.
Entre os consumidores que têm alguma dívida em atraso, 68% compõem as classes D e E, 85% são economicamente ativos e a maioria, 35%, está na faixa dos 18 aos 30 anos. As mulheres são a maior fatia entre esse público, correspondendo a 56%.
Flavio Calife, economista da Boa Vista, recorda que o desemprego foi citado como o principal motivo para que o consumidor deixe de honrar seus pagamentos, apontado por 30% dos entrevistados. Na sequência, a diminuição da renda é citada como razão para a inadimplência para 26%.
Segundo os últimos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego estava na marca de 8,1% no trimestre finalizado em novembro. Um ano antes, a taxa era de 11,6%.
Aproximadamente 80% dos inadimplentes declararam ainda que têm dificuldades para pagar as suas contas e deixá-las em dia, contra 71% no semestre anterior e 70% no mesmo período de 2021.
Entre os inadimplentes entrevistados, cerca de sete em cada dez possuem mais de três contas em atraso, contra 63% no semestre anterior e 62% no mesmo semestre de 2021. Para 62%, as dívidas têm valor acima de R$ 3.000 e 87% estão com o nome negativado há mais de 90 dias.
Quase 30% dos consumidores estão inadimplentes em razão do não pagamento do cartão de crédito, em seguida vem o cartão de loja (12%). Outros 29% tiveram o nome negativado devido à falta de pagamento de boletos bancários.
Em relação aos principais produtos, bens ou mesmo serviços adquiridos que ocasionaram a dívida, os consumidores indicaram as despesas com alimentação (23%), fruto de compras de supermercado e cesta básica, o que para 18% dos consumidores, compromete mais de 50% da renda familiar.
Na sequência, foram listados fatores como pagamento de contas diversas (23%), contratação de empréstimo (16%), aquisição de móveis e eletrodomésticos (12%), pagamento de contas de concessionárias (11%), itens de vestuário (7%), material de construção (3%) e financiamentos (5%).
Calife avalia que a piora na situação financeira do consumidor já era esperada. "Vimos desde o início do ano que algumas linhas de crédito muito mais caras estavam crescendo de forma expressiva, como o cartão de crédito parcelado e o rotativo, então não chega a ser uma surpresa o cartão de crédito ter sido apontado por muitos consumidores", afirma ele.
"O uso de créditos muito mais caros em meio a um cenário econômico que já era delicado, com inflação e juros altos, dificilmente resultaria em outro resultado que não fosse o aumento no comprometimento da renda e nos números de contas que ficariam pendentes”, comenta o economista.