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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
O dólar teve alta nesta terça-feira (7) e fechou acima de R$ 5,20, depois de trocar de sinal várias vezes ao dia, em sessão volátil e com vários catalisadores, entre eles os novos atritos entre o governo e o BC (Banco Central). Também mexeram com os ânimos do mercado a ata do último encontro do Copom (Comitê de Política Monetária) e as falas do chair do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell.
No mercado à vista, o dólar fechou em alta de 0,51%, cotado a R$ 5,2013 na venda. Esse é o maior patamar registrado desde 20 de janeiro, quando a moeda norte-americana chegou a R$ 5,2086, e o terceiro pregão consecutivo de ganhos, período em que acumula valorização de mais de 3%.
O dólar encerrou o pregão acima de sua média móvel diária de 200 dias pela primeira vez desde 23 de janeiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não quer confusão com o BC, mas destacou que Roberto Campos Neto, o chefe da autoridade monetária, deve explicação ao Congresso Nacional sobre sua conduta, e falou que o Senado deve ser "vigilante". Membros do governo têm criticado de forma recorrente a taxa de juros elevada, atualmente em 13,75%, e a independência do BC.
Os atritos recentes envolvendo o Executivo e BC aumentam receios de investidores sobre uma possível tentativa de intervenção do governo na autoridade monetária. Comenta-se que Lula deseja indicar para diretorias da autarquia nomes que se contraponham a Campos Neto.
Em resposta às críticas, o presidente do BC falou que a independência da instituição é importante porque desconecta o ciclo da política monetária do ciclo político.
Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, as falas contra o Banco Central e os acenos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para um reajuste salarial dos servidores públicos tiveram efeito negativo no câmbio.
Além disso, ele disse, o tom da ata do Copom, divulgada na manhã desta terça, pode ter sido interpretado por parte dos mercados como 'um pouco mais ameno' em relação à política fiscal do governo, o que pode ter ajudado a impulsionar o dólar. No documento, o BC expressou preocupação com as contas públicas, mas interpretou o pacote de medidas fiscais apresentado recentemente por Haddad de maneira positiva.