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Rede Globo é denunciada no Ministério Público por intolerância religiosa em novelas

Membros da liderança de religiões de matrizes africanas registraram a queixa no Ministério Público


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Publicada em: 16/10/2023 11:14:01 - Atualizado

Uma frente da liderança de religiões de matrizes africanas entrou com uma representação no Ministério Público Federal contra a Globo e registrou uma denúncia de prática de intolerância religiosa nas novelas. De acordo com o documento, ao qual a coluna teve acesso, o alvo das investigações é Amauri Soares, diretor dos Estúdios Globo, que teria orientado os autores da dramaturgia em não investir mais em tramas com temáticas espíritas e privilegiar as evangélicas.

A pedido dos denunciantes, a coluna manterá suas identidades em sigilo. Mas o motivo do pedido de investigação nasceu por conta de uma reportagem da colunista Carla Bittencourt, publicada em setembro, na qual relata que o todo-poderoso da Globo quer conectar o conteúdo da emissora ao público evangélico e, para isso, deveria abrir mão de roteiros espíritas.

Segundo a publicação, o ex-marido de Patrícia Poeta promoveu uma reunião com os autores de novelas da Globo e explicou que o catolicismo vem perdendo força no Brasil, e em dez anos os evangélicos serão o maior grupo religioso, de acordo com suas estimativas. Com isso, trabalhar suas tramas com enredos nessa linha pode vir a fazer esta parcela da audiência, que fugiu em debandada na gestão de Jair Bolsonaro, se reconecte às suas produções.

A reportagem que motivou a denúncia ao Ministério Público ainda diz que a obra que Thelma Guedes escrevia para a faixa das 18h tinha um viés espírita e acabou engavetada pela emissora. Além disso, foram registradas a demissão da autora Elizabeth Jhin (especialista no gênero), o cancelamento do remake de A Viagem --clássico da dramaturgia da emissora-- e a rexibição de tramas de sucesso com esta temática no Vale a Pena Ver de Novo.

A denúncia foi registrada em 27 de setembro, um dia após a publicação da reportagem. O Ministério Público já deu o alerta de que recebeu o material e está analisando o conteúdo. Caso seja acatado, o próximo passo será o início da investigação para saber se de fato tem havido a prática de intolerância religiosa dentro da maior emissora do país.


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