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    porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024

Defesa de Daniel Alves já sabe que ele será condenado por estupro e tenta diminuir a pena

De acordo com o jornal espanhol Marca, a estratégia da defesa será insistir na versão de que ele consumiu grandes quantidades de álcool na noite dos fatos.


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Publicada em: 07/02/2024 11:46:47 - Atualizado


O julgamento de Daniel Alves, acusado de estuprar uma jovem de 23 anos em uma boate em Barcelona, na Espanha, chega ao terceiro dia nesta quarta-feira, 7. Além da defesa do jogador e da denunciante, é esperado que o atleta seja ouvido. A sessão poderá se estender por mais um dia, caso o depoimento dele passe do tempo esperado.

A sessão começou às 11h25 (horário de Brasília), e deve seguir até o início da noite. Além da declaração do jogador brasileiro, serão apresentadas provas periciais do caso. Por fim, os advogados apresentarão suas respectivas conclusões.

De acordo com o jornal espanhol Marca, a estratégia da defesa será insistir na versão de que ele consumiu grandes quantidades de álcool na noite dos fatos. Inclusive, as testemunhas de defesa do jogador, dois amigos e a esposa, Joana Sanz, reforçaram que ele estava alcoolizado.

Na Espanha, estar sob os efeitos desta substância pode ser considerado uma circunstância atenuante, portanto a pena, caso seja condenado, seria menor.

Joana afirmou na terça-feira, 6: “Ele foi comer com seus amigos no restaurante. Passou o dia aí e voltou era quase 4h da manhã. Voltou muito bêbado, uma pessoa com muito álcool. Bateu no armário e caiu na cama”. Ela ainda declarou que estava acordada quando Daniel chegou em casa, mas eles não conversavam muito “por causa do estado em que ele se encontrava”.

Médicos e peritos
A sessão iniciou com médicos que atenderam à denúncia sendo ouvidos. Um deles afirmou que quando a jovem chegou ao hospital, “estava com um sentimento de medo”, e uma “certa tensão”. Segundo o profissional, ela chorava enquanto contava o caso.

"Ela nos explicou o que tinha acontecido. Em relação aos beijos, lembro que ela disse que havia beijos no pescoço, que queria ir embora, mas não podia", destaca. Durante a entrevista, a jovem não teria dito quem era o agressor, apenas que “falava português”.

Os profissionais ainda explicaram que a origem da lesão em um dos joelhos da jovem não é clara. "Nas quedas é normal que ocorram hematomas na altura dos dois joelhos. Estamos lidando com uma lesão lateral. Estamos falando de uma lesão na parte externa do joelho. Ninguém pode dizer que o mecanismo de produção foi este (a queda durante o estupro)".

No entanto, eles destacam que o ferimento pode ter sido provocado pela fricção do joelho "em uma superfície áspera".

Os peritos também afirmam que há falta de lesões vaginais na jovem, o que é comum em caso de estupro, mas que "não significa que não tenha ocorrido". “Neste caso não encontramos ferimentos, mas não podemos afirmar que não houve agressão. Se há ou não lesão, não podemos dizer se é consensual ou não. Não podemos fazer essa comparação”, insistem.

Eles também disseram que não houve "nenhum indicador, nem nenhuma suspeita" de que "poderia estar exagerando ou simulando". Na avaliação, o doutor Mateu insistiu que a versão da suposta vítima condiz com os resultados dos exames: “Indica-se uma série de sintomas que vão ao encontro daquilo que ela se referiu no momento da entrevista. Traumático".

Peritos também destacaram alguns dos critérios para determinar o estresse pós-traumático que coincidem com a situação da denunciante: “Quando ela ouviu alguém falando português, ficou muito nervosa”. Segundo eles, a jovem estava sofrendo com hipervigilância e falta de sono, mais um característica de estresse pós-traumático.

Além disso, segundo os profissionais, a jovem se sentia culpada pelo ocorrido, "um dos indicadores da situação de vítima".

Primeiro dia

No primeiro dia, foram ouvidas a denunciante, a prima dela e uma amiga, que estavam na Sutton, onde o crime teria acontecido. A jovem foi ouvida por 1h15, através de um biombo, para que não tivesse contato com o jogador. Sua voz foi alterada para dificultar sua identificação.

Ela relatou que Daniel "levou várias vezes a mão dela até seu pênis, que ela retirou assustada", enquanto dançavam, e que depois, ele pediu à ela para segui-lo até uma porta.

Nesse momento, ela se deu conta de que era um banheiro, na área VIP, e tentou sair, mas foi impedida. O brasileiro a teria penetrado com violência, e “ejaculou dentro dela”. Após o abuso, ele teria deixado o banheiro primeiro. A tese é reforçada pelos exames, nos quais foram encontrados o DNA do lateral.

A amiga da jovem, Ana Matallana, contou que o jogador se aproximou da denunciante, “com a mesma atitude pegajosa” com que ele teria se aproximado dela.

A jovem lembrou que a vítima saiu do local dizendo: “Ele me machucou muito, ele me machucou muito".
A prima da denunciante contou que a jovem disse que o jogador a "machucou muito" e "ejaculou dentro dela”.

Funcionário da boate confirmaram que a jovem estava "mal" e "muito nervosa".

Segundo dia
O segundo dia de julgamento, começou com o depoimento de responsáveis e funcionários da Sutton, passando por amigos do atleta, autoridades que atenderam a denúncia, e por fim, a esposa do brasileiro.

O diretor da Sutton, Robert Massanet, afirmou que a vítima estava “bastante afetada” e que foi difícil convencê-la de iniciar o protocolo de agressão sexual. “Ela me disse que não iam acreditar nela. E que ela tinha entrado voluntariamente (no banheiro), que depois queria sair e não foi impedida”.
Ele também contou que em dado momento, enquanto conversava com a jovem, Daniel Alves passou pelo corredor em direção à saída, e a vítima apontou que havia sido ele o autor da agressão sexual.

O gerente da casa relatou que o jogador não “estava com sempre, ou tinha bebido, ou teria tomado alguma coisa, mas não estava agindo normalmente”.

Já um assistente do local relatou à corte que a jovem explicou que “sabia o que ia fazer” quando entrou no banheiro com o lateral, “mas depois se arrependeu”.

Amigos de Daniel reforçaram que ele havia bebido muito no dia.

Bruno Brasil, que estava com o atleta, afirmou que viu o atacante ir até o banheiro, e logo em seguida, a vítima, mas que ele não explicou o que aconteceu no banheiro.
Bruno também disse que ao sair da boate, não viu a denunciante chorando, pois estava muito escuro.
Um dos agentes que atendeu ao caso declatou que, após conversar com a vítima, a jovem estava abalada e chorava. "Ela não quis dar muitos detalhes, começou a chorar. Ela nos disse que não queria fazer denúncia, que não queria que seu nome fosse divulgado. Tivemos que acalmá-la e dizer que ela não era culpada do ocorrido", disse a testemunha.

O segundo policial que atendeu a vítima relatou que a jovem chegou a declarar que "não queria dinheiro, queria Justiça".

A esposa de Daniel Alves, Joana Sanz, disse em depoimento ao tribunal que, no dia dos fatos, o jogador chegou muito bêbado em casa, e que não conversaram muito, “por causa do estado em que ele se encontrava”.



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