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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
De nada adiantaram os protestos no mundo todo.
O midiático Daniel Alves está solto.
Deixou a cadeia às 16h26 na Espanha, 12h26, no Brasil.
Saiu de cabeça erguida, ao lado de sua advogada de defesa.
Fingia não ouvir os gritos dos jornalistas.
E dezenas de manifestantes, contra a morte de uma carcereira, onde estava preso.
Eles aproveitaram a mídia que a liberdade do brasileiro atraiu.
Bastou pagar R$ 5,4 milhões como fiança à Justiça Espanhola e Daniel Alves está solto.
E mesmo condenado a quatro anos e meio de cadeia por estupro, saiu hoje, depois de apenas 14 meses preso.
Foi protegido pelos Mossos D'Esquadra, a polícia da Catalunha.
A legislação espanhola sobre delitos sexuais é desta maneira, prevê pagamentos que diminuem a pena ou facilitam a liberdade, enquanto os recursos são julgamentos.
No caso do jogador brasileiro, deverão levar meses.
A garantia que não fugirá foi a entrega dos passaportes do atleta.
"O dinheiro que o Daniel Alves tem, o dinheiro que alguém possa emprestar para ele, não podem comprar a ofensa que um homem faz a uma mulher participando de um estupro. Quando o sexo é uma coisa feita a dois, tem que ser permitida por dois. Isso na verdade é crime."
"Eu aprendi lá em Pernambuco quando eu era pequeno, as pessoas diziam 'aqui no Nordeste, quem tem 20 contos de réis não é preso'. E a gente está vendo que essa máxima continua."
A imprensa espanhola amanheceu nesta segunda-feira repercutindo as duras palavras do presidente Lula sobre a libertação, por dinheiro, do jogador brasileiro.
A ministra das Mulheres do Brasil, Cida Gonçalves, também não deixou por menos.
"Não há fiança que compense a enorme brutalidade que uma violação é na vida de uma mulher."
Jornalistas, de forma constrangedora, anunciavam em portais, em rádios e em televisões que, por R$ 5,4 milhões, Daniel Alves, condenado a quatro anos e meio, por estupro, depois de julgamento com 23 testemunhas, esperará pela análise de seus recursos em liberdade.
O um milhão de euros, exigido pela Justiça Espanhola, como fiança, foi depositado nas primeiras horas, em Barcelona.
Desde as primeiras horas da manhã, dezenas de jornalistas esperavam pela saída do brasileiro, do lado de fora do Centro Penitenciário Brians 2, onde ficam os presos por crimes sexuais na Catalunha.
A maior parte da opinião pública espanhola se colocou contrária a libertação, por dinheiro, do condenado por estupro.
O dinheiro da fiança é um capítulo à parte, na libertação do brasileiro.
O jornal La Vanguardia revelou o motivo que teria feito Neymar recuar na liberação da fiança ao seu amigo íntimo: pressão dos patrocinadores. De acordo com o periódico, o pai de Neymar soube que empresas que ligam sua imagem ao filho não concordavam com essa ajuda a uma pessoa que a justiça espanhola classificou como estuprador.
Daniel Alves fez contratos milionários no Barcelona, Juventus, PSG e, mesmo no São Paulo, tem um patrimônio de R$ 313 milhões. Mas esse dinheiro está bloqueado pela justiça brasileiro, por processos de sua ex-esposa.
Só que ele tem, a grosso modo, R$ 9 milhões a receber de volta da Receita Federal Espanhola, por cobrança de imposto de renda indevida.
Foi essa a garantia que fez um banco emprestar os R$ 5,4 milhões ao brasileiro. Mas com uma condição. Que a transação fosse em sigilo. Porque a instituição financeira não quer ir contra a opinião pública espanhola, e mundial, se for um banco internacional.
Vários bancos negaram o empréstimo ao brasileiro. Por conta da opinião pública. Não queriam ajudar uma pessoa condenada por estupro a sair da cadeia.
A advogada da vítima de Daniel Alves protestou de forma veemente contra a libertação.
"É um escândalo. Estou surpresa e indignada. Na Espanha parece que a prisão é para que não tem dinheiro. Minha cliente está se sentindo estuprada novamente", disse Ester Garcia.
Daniel Alves estava preso há 14 meses pelo estupro.
Além da indignação pela liberdade, há o receio concreto de que o jogador possa fugir da Espanha. E vir, por exemplo, para o Brasil.
E repetir como Robinho, que foi preso na semana passada.
Mas ficou 11 anos desfrutando de sua liberdade, depois do estupro coletivo de uma albanesa, que participou em 2013, em Milão.
O temor é real que o lateral, que entregou seus passaportes brasileiro e espanhol às autoridades, viaje de carro para um país que faça fronteira com a Espanha. E alugue um jato particular e venha ao Brasil, em fuga.
"Não vou fugir. Confio na Justiça e estarei sempre à sua disposição", garantiu o brasileiro, na audiência da 21ª Seção do Tribunal de Justiça de Barcelona.