O brasileiro Vini Jr é reconhecido mundialmente por sua habilidade em campo, mas também pela sua constante batalha contra o racismo nos estádios europeus. Durante os últimos anos, marcados por episódios de injúrias raciais, o atacante brasileiro se tornou uma das figuras centrais na luta contra o racismo no futebol, levando a Justiça europeia a investigar e, em alguns casos, prender indivíduos acusados de ofensas racistas.

O jogador, que reage com posicionamentos firmes e provocando ações legais contra os agressores, frequentemente se depara com cânticos racistas, insultos direcionados a ele e ataques nas redes sociais.

A seguir, veja alguns dos muitos episódios de racismo contra Vini Jr. e as punições - ou a falta delas - dos acusados:

24 de outubro de 2021: durante o jogo entre Barcelona e Real Madrid no Camp Nou, Vini Jr. foi alvo de ofensas raciais enquanto saía de campo. Apesar da denúncia feita por LaLiga, a polícia de Barcelona encerrou o caso alegando não ter conseguido identificar o autor.

16 de setembro de 2022: no programa “El Chiringuito”, o empresário Pedro Bravo criticou Vini Jr., dizendo que ele deveria "parar de fazer papel de macaco" ao sambar durante suas comemorações em jogos. Após a repercussão do comentário, Bravo se desculpou, enquanto Vini Jr. reagiu em suas redes sociais. “Dizem que a felicidade incomoda as pessoas. A felicidade de um brasileiro negro, vitorioso na Europa, incomoda muito mais. Mas minha vontade de vencer, meu sorriso e o brilho em meus olhos são muito maiores do que isso. Fui vítima de xenofobia e racismo. Mas nada disso começou ontem... As danças celebram a diversidade cultural. Aceitem-na, respeitem-na. Eu não vou parar”, disse.

30 de dezembro de 2022: durante a partida do Real Madrid contra o Valladolid, Vini Jr. foi alvo de insultos raciais ao ser substituído aos 88 minutos. O Valladolid colaborou com a polícia na identificação dos torcedores envolvidos. Como resultado, 10 torcedores tiveram suas cadeiras cativas suspensas por três anos e meio, e Vinícius prestou depoimento por videoconferência em um processo criminal contra cinco pessoas relacionadas ao incidente.

26 de janeiro de 2023: antes das quartas de final da Copa do Rei entre Real e Atlético de Madrid, um manequim vestido com a camisa de Vinícius foi pendurado em uma ponte com a faixa “Madrid odeia o Real”. As autoridades prenderam quatro integrantes da “Frente Atlético”, um grupo de torcedores radicais, após registros de celular os ligarem ao ato. Depois, a Justiça emitiu uma ordem proibindo que eles ficassem a menos de mil metros do jogador e de se comunicarem com ele por qualquer meio, além de não poderem se aproximar a menos de 100 metros dos estádios Santiago Bernabéu e Civitas Metropolitano.

5 de fevereiro de 2023: em uma partida entre Mallorca e Real Madrid, um torcedor foi captado por um microfone de TV gritando “macaco” para Vini. Após a LaLiga registrar uma reclamação, uma investigação criminal foi iniciada. O agressor foi identificado e banido dos estádios por três anos após ser descoberto que ele também fez ofensas racistas contra Samu Chukwueze em um jogo subsequente. A sentença inicial de doze meses de prisão do torcedor foi suspensa após uma carta de desculpas para o brasileiro e um treinamento contra discriminação.

19 de março de 2023: após o jogo entre Barcelona e Real Madrid, a LaLiga afirmou em comunicado que identificou uma conduta racista sendo direcionada ao Vini, incluindo expressões como “macaco” e “Vinícius morra”. A LaLiga classificou a conduta como inaceitável e apresentou uma queixa formal na justiça de Barcelona.

21 de maio de 2023 (dentro do estádio): durante a partida entre o Valencia e o Real Madrid, Vinícius Júnior foi alvo de insultos raciais por torcedores do Valencia. O árbitro ativou o protocolo antirracismo, alertando que o jogo poderia ser suspenso. Nos acréscimos, Vini foi expulso após um choque com o goleiro do Valencia e atingir Hugo Duro no rosto. A revisão do VAR, no entanto, mostrou Hugo Duro agarrando o pescoço do jogador. O Valencia teve a arquibancada parcialmente fechada por cinco jogos, diminuindo para três após recurso, e foi multado em cerca de R$ 150 mil. Três torcedores foram presos e condenados a oito meses de prisão, em decisão inédita na Justiça espanhola. "Que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras. Caso contrário, estarei aqui para cobrar. Obrigado a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação histórica. Vem mais por aí...", comemorou o jogador.

21 de outubro de 2023: no jogo entre Sevilla e Real Madrid, Vini teve uma discussão com jogadores do Sevilla. As câmeras de televisão capturaram um torcedor na arquibancada realizando um gesto racista para ele. Após a partida, o Sevilla anunciou que identificou e expulsou um torcedor do estádio, além de encaminhá-lo às autoridades por "comportamento racista e xenófobo". Na ocasião, Vini reconheceu a atitude do clube e também destacou um vídeo em que um outro jovem torcedor proferiu insultos racistas contra ele.

12 de janeiro de 2024: a LaLiga registrou uma denúncia junto à Brigada de Informação de Madri contra um usuário da plataforma X. A publicação em questão continha a frase "Sem Piedade" e apresentava uma imagem gráfica de Vinícius Júnior simulando um enforcamento, com a boca entreaberta e os olhos ensanguentados, acompanhada da frase "Ódio Eterno, Maldita Madrid".
24 de janeiro de 2024: no mesmo dia, uma outra denúncia foi apresentada pela LaLiga, dessa vez em relação aos insultos racistas a Vini perto do estádio Civitas Metropolitano durante a prévia do jogo da Copa del Rey, em 18 de janeiro, entre o Real e o Atlético de Madrid. Em fevereiro, a Promotoria informou que iniciou diligências de investigação pré-processual.

6 de fevereiro de 2024: a LaLiga denunciou os insultos racistas dirigidos a Vini Jr. na chegada do ônibus do Real Madrid ao estádio Coliseum Alfonso Pérez, antes do jogo contra o Getafe. A Promotoria iniciou uma investigação preliminar e encaminhou o caso para a área de Getafe-Leganés. A LaLiga anexou gravações dos eventos para ajudar na apuração.

2 de março de 2024: no retorno ao Mestalla, onde sofreu insultos raciais, em outro jogo contra o Valencia, Vini Jr. foi vaiado a cada toque na bola. Ele marcou dois gols e comemorou levantando um punho e provocando a torcida ao mostrar a orelha após o segundo. Além disso, a LaLiga comunicou à Promotoria de Menores de Valência sobre os gritos racistas de um menor de idade dirigidos a Vini. O caso foi arquivado.

6 de março de 2024: após a partida entre o Real e Osasuna, o Real Madrid apresentou uma queixa à Federação Espanhola de Futebol (RFEF) contra o árbitro Juan Martinez Munuera, alegando que ele não registrou os insultos racistas direcionados a Vinícius Júnior. Durante o jogo, torcedores cantaram “Vinicius, morra”. A RFEF apoiou o árbitro, afirmando que as acusações eram “injustas”, e o Osasuna negou que houvesse cânticos racistas, chamando os insultos de uma reação de “minoria” da torcida.

17 de julho de 2024: em julho, o Real Madrid informou que um homem foi condenado pela Justiça espanhola a oito meses de prisão por insultos racistas direcionados a Vinícius Júnior e Antonio Rüdiger na internet. O réu, que teve a identidade preservada, usava pseudônimos para publicar os ataques no fórum do jornal Marca e foi impedido de participar do fórum por 20 meses. A prisão foi suspensa após o réu aceitar participar de programa contra a discriminação.
17 de setembro de 2024: a Comissão Estatal contra Violência, Racismo, Xenofobia e Intolerância no Esporte, do governo da Espanha, anunciou que multou um torcedor em 60 mil euros (cerca de R$ 370,5 mil) por insultos racistas contra Vini. O homem também ficou proibido de frequentar estádios e outros recintos esportivos por dois anos. As ações racistas ocorreram na rede social X.