RONDÔNIA: Com o intuito de utilizar a arte como ferramenta de reabilitação para pessoas privadas de liberdade e promover a valorização da cultura, o governo de Rondônia realizou uma noite de transformação e esperança, marcada pela reestreia do espetáculo “Bizarrus”. O evento aconteceu na quinta-feira (13), no Teatro Guaporé, em Porto Velho; aberto ao público e com a presença de cerca de 200 pessoas, é considerado uma das iniciativas mais significativas para a reintegração social de reeducandos.

A ação é resultado de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso (Acuda) e o Poder Judiciário do Estado de Rondônia (TJRO). A reestreia do espetáculo representa um momento artístico, e uma reflexão sobre o impacto das políticas públicas voltadas para a reintegração de pessoas que cumprem penas no sistema prisional.

Para o governador de Rondônia, Marcos Rocha, a ação é fundamental para reduzir a ociosidade dentro das unidades prisionais, fortalecendo o processo de ressocialização, o que reflete diretamente na segurança pública.

PROJETO “BIZARRUS”

Idealizado como uma forma de proporcionar aos reeducandos uma oportunidade de reconstrução pessoal por meio da arte, o projeto “Bizarrus” faz parte de um movimento mais amplo voltado para a reintegração social dos indivíduos em cumprimento de pena. Além da criação artística, o projeto inclui apoio psicológico, orientação pedagógica e suporte familiar, elementos essenciais ao processo terapêutico.

A peça, que aborda de maneira metafórica a crise de identidade vivida por muitos internos do sistema prisional, tem como base as histórias de vida dos próprios atores; detentos e egressos do sistema prisional. A apresentação busca identificar os fatores que muitas vezes conduzem os indivíduos à criminalidade e violência, a partir das narrativas dos próprios envolvidos.

O juiz da Vara de Penas e Medidas Alternativas (Vepema), Sérgio Teixeira, presente na reestreia, destacou a necessidade de ações de capacitação e educação para promover a reintegração dos reeducandos. “Este é um projeto artístico que busca reabilitar o cidadão através da arte, mas não é apenas o espetáculo em si que promove a transformação. Por trás do espetáculo, há todo um trabalho terapêutico, com apenados que se envolvem no projeto, orientação pedagógica, apoio familiar e social, o que permite que evoluam como pessoas e busquem um espaço mais positivo na sociedade”, ressaltou.

RECONHECIMENTO PARA CULTURA RONDONIENSE

O “Bizarrus” teve início em setembro de 1997, em Porto Velho, na Casa de Detenção Ênio Pinheiro dos Santos, com a colaboração do teatrólogo Marcelo Felice e sua equipe. O projeto se consolidou como uma referência nacional em reabilitação de pessoas privadas de liberdade, com apresentações em sete capitais brasileiras e até se apresentando na ONU, no 12º Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, realizado em Salvador, Bahia.

IMPACTO NA VIDA DOS REEDUCANDOS E DE SEUS FAMILIARES

O impacto do projeto na vida dos reeducandos também foi destacado por João Ricardo, pai de um dos participantes, que emocionado comentou sobre a experiência de ver seu filho no palco. “Foi emocionante ver meu filho no palco. Já tinha acontecido outras vezes, mas não pude estar presente. Agora, estou aqui e vou sempre apoiar, porque o amor fala mais alto”, disse.

REINTEGRAÇÃO SOCIAL

O secretário da Sejus, Marcus Rito, ressaltou a função fundamental da secretaria em promover a legalidade, a educação e reintegração no sistema prisional. Ele explicou que a Sejus prioriza ações que vão além da disciplina e segurança, focando também, na capacitação profissional e assistência psicossocial, essenciais para a reintegração dos internos à sociedade. “A reintegração social não é apenas um benefício para o reeducando, mas para sociedade em geral. Quando essas pessoas têm a chance de se educar, de trabalhar e de reconstruir suas vidas, toda a comunidade ganha”, pontuou.

PRÓXIMAS APRESENTAÇÕES

Após a reestreia, o espetáculo “Bizarrus” seguirá no calendário de 2025, com apresentações programadas até junho. A próxima será no dia 21 de março, novamente no Teatro Guaporé, em Porto Velho. A peça será apresentada para a comunidade escolar e ao público em geral, com o objetivo de promover a reflexão sobre a reabilitação, reintegração social e valorização da cultura.