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porto velho, sexta-feira 20 de junho de 2025
CRÔNICA DE FIM DE SEMANA
Desumanização cotidiana: O descaso no atendimento que maltrata o cidadão em Porto Velho
Arimar Souza de Sá
Porto Velho, capital de Rondônia, enfrenta uma crise silenciosa, porém cruel: a desumanização no atendimento prestado à população, tanto nos órgãos públicos quanto no setor privado.
Sem a burra generalização, é claro, a impressão que se tem, é como se a empatia tivesse feito suas malas e partido sem data para voltar. E o que sobra é uma frieza cortante de quem está do outro lado do balcão, que maltrata quem já chega fragilizado para ser atendido.
Por conseguinte, nos guichês e balcões de atendimento, hospitais e postos de saúde, o que deveria ser espaço de acolhimento se transformou num deserto de atenção, onde o cidadão vaga sedento por um simples gesto de respeito. Muitos servidores parecem ter ‘o rei na barriga’ e tratam o ato de atender como um favor pessoal — como se a missão de servir ao público fosse um fardo a ser suportado, um favor que estão fazendo e não uma função a ser honrada.
Senão, vejamos: Idosos com 60 ou 80 anos, nesse último caso, (prioridade da prioridade), apoiados em bengalas da vida, são ignorados em filas onde o Estatuto do Idoso virou letra morta. São tratados com indiferença, presentes, mas invisíveis.
Em casos com maior deboche, não é difícil se deparar do outro lado do balcão, com a atendente comentar ao celular, com total desatenção a quem chegou, se o feijão já amoleceu na panela e orientar o tempero de casa, como se o tempo do cidadão fosse um pano de chão a ser torcido por ela.
Pior ainda são os ambientes onde a raiva doméstica vira uniforme de trabalho. Homens ou mulheres que brigaram com a ‘patroa’ ou o companheiro em casa, chegam ao setor de trabalhos despejando sobre o cidadão um olhar cortante, palavras azedas e má vontade que pesa como chumbo.
Ora, quem está do lado daqui do balcão não é um culpado — é apenas alguém em busca de solução, e acaba pagando o preço por uma tempestade que não provocou.
É urgente regar o terreno da convivência com as sementes da empatia. Porto Velho precisa reencontrar a gentileza perdida, como quem ‘garimpou’ uma fotografia antiga que traz de volta a saudável essência do que somos de verdade. Servir ao público é mais do que cumprir horário: é aquecer com humanidade a frieza da burocracia, acolhendo quem chegou.
Educação, respeito e bom senso não custam nada — mas, quando praticados cotidianamente, são como sol em manhã nublada: transformam tudo ao redor. Em tempos tão áridos de polarização, um gesto gentil como um simples bom dia, carregado de fraternidade, pode ser um oásis. E onde hoje reina o descaso, é preciso fazer brotar o básico: humanidade.
Porto Velho, no que tange ao atendimento, precisa reaprender a sentir — e rápido. A cidade cresce em concreto, mas encolhe em humanidade. O coração dos que atendem, com as honrosas exceções, parece ter adormecido, e, se não houver um despertar urgente, será tarde demais. E o que restará, será uma capital de pedra, onde o olhar dos que mais precisam se perde no espelho da indiferença, a esperança dá adeus, e tudo mergulha na frieza de um silêncio que machuca tanto.
Afinal de contas, sem humanidade e empatia, tudo vira máquina. E máquina não chora, não cuida, não sorrir, não dá bom dia, não sabe atender – e, pasmem, nem tem coração...!
É TEMPO DE DESPERTAR!
AMÉM!