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porto velho, segunda-feira 23 de junho de 2025
Em Porto Velho, atravessar na faixa de pedestres não garante segurança — pelo contrário, pode ser um convite ao perigo. A cena se repete diariamente nas principais avenidas da capital: motoristas que ignoram por completo a sinalização horizontal e aceleram mesmo diante de pedestres tentando atravessar. E o mais grave — quando um condutor, mais consciente para, afim de dar passagem, corre o risco de ser abalroado por outro veículo que vem logo atrás, incapaz de aceitar que a lei, a prudência e o bom senso exijam um gesto tão simples quanto respeitar o direito de ir e vir do outro.
Há inúmeros relatos de colisões traseiras provocadas justamente pela conduta correta. O motorista da frente respeita a faixa, diminui ou para, mas o de trás, desatento ou impaciente, não freia a tempo e provoca o acidente. O problema é agravado por comportamentos cada vez mais comuns nas ruas da cidade: motoristas ao celular, digitando mensagens, navegando em redes sociais ou atendendo ligações enquanto dirigem. Com a atenção dividida, ignoram não apenas as leis de trânsito, mas a vida.
A faixa de pedestres, que deveria ser território sagrado para a segurança urbana, virou um símbolo de contradição: está ali, visível, mas invisível na prática. Pedestres não sabem mais se devem confiar nela ou correr. Motoristas agem como se a prioridade fosse sempre sua, e muitos sequer conhecem ou respeitam a obrigação legal de parar diante de pedestres.
Porto Velho carece de campanhas urgentes de utilidade pública que promovam a reeducação no trânsito. É necessário conscientizar tanto motoristas quanto pedestres sobre seus deveres. Pedestres precisam ser orientados a usar exclusivamente a faixa — mas com segurança, olhando para os dois lados, ainda que em via de mão única. Já os condutores devem ser lembrados de que dirigir é um ato de responsabilidade social, e que qualquer descuido — como olhar o celular por dois segundos — pode significar a perda de uma vida.
Além disso, é papel das autoridades de trânsito reforçar a fiscalização, aplicar multas e realizar campanhas educativas permanentes. A cidade só será segura quando o respeito à faixa de pedestres deixar de ser exceção e virar regra — e quando parar para alguém atravessar não for um gesto de coragem, mas de consciência coletiva.