CACOAL, RO - Uma espécie pouco conhecida e cercada de mitos chamou a atenção após ser encontrada em uma chácara no município de Cacoal. Popularmente chamada de “cobra-de-duas-cabeças” ou “cobra-cega”, a anfisbena impressiona pela aparência incomum e pela forma peculiar de se locomover, mas não representa perigo aos seres humanos.

Apesar do nome popular, o animal não é uma cobra. Trata-se de um réptil distinto, pertencente a um grupo mais próximo evolutivamente dos lagartos, embora não possua patas. A semelhança com serpentes ocorre principalmente pelo corpo alongado e pela ausência de membros visíveis.

A espécie é considerada comum em biomas como a Amazônia e o Cerrado, porém dificilmente é avistada. Isso acontece porque passa quase toda a vida debaixo da terra, comportamento que contribui para seu desconhecimento entre a população.

Um dos aspectos mais curiosos da anfisbena é a confusão em torno da suposta “dupla cabeça”. Na realidade, o animal possui apenas uma. A cauda, no entanto, tem formato arredondado e aparência semelhante à cabeça, funcionando como um mecanismo de defesa para confundir predadores. Além disso, sua musculatura permite que se mova tanto para frente quanto para trás com facilidade, reforçando ainda mais essa ilusão.

Em média, a anfisbena mede entre 20 e 40 centímetros, podendo atingir tamanhos maiores em algumas espécies. A pele lisa e resistente é uma adaptação essencial para a vida subterrânea, protegendo o corpo durante o deslocamento no solo.

Embora cause estranhamento, o réptil não é venenoso e não oferece risco significativo. Mordidas são raras e geralmente só ocorrem quando há manipulação direta. Em casos assim, recomenda-se apenas a higienização do local e a observação, já que complicações são incomuns.

Além de inofensiva, a anfisbena exerce papel importante no meio ambiente. Ao se deslocar sob a terra, contribui para a aeração do solo e ajuda no controle de insetos, colaborando diretamente para o equilíbrio ecológico. Por isso, a orientação é clara: ao encontrar o animal, o ideal é não matá-lo e permitir que siga seu caminho ou seja cuidadosamente realocado para uma área de solo natural.