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    porto velho, sábado 21 de setembro de 2024

QUEIMADAS NA AGRICULTURA: “Houve falhas”, admite presidente da Faperon

“Precisamos aprender com os erros deste ano, para o próximo corrigir”, disse em entrevista ao programa ao falar sobre o tema


Jaqueline Alencar / Rondonoticias

Publicada em: 28/08/2019 07:55:21 - Atualizado

PORTO VELHO RO - O Programa a Voz do Povo, apresentado pelo jornalista, advogado e diretor do Rondonoticias Arimar de Souza Sá, que vai ao ar ao vivo de segunda-feira à sexta-feira do meio-dia às 13 horas em Porto Velho pela Rádio Caiari 103,1, e pela Antena FM em Rede Estadual, recebeu nessa terça-feira (27), o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia (Faperon) Helio Dias. O entrevistado falou sobre as queimadas na Agricultura em Rondônia.

Helio Dias explicou que primeiro, é importante se fazer um histórico das queimadas dos últimos 15 anos no país em todos os biomas, a exemplo do pantaneiro, onde o Serrado do Pantanal registra focos de incêndio todos os anos e regiões isoladas do Rio Grande do Sul.

Este ano, analisou, o agravante tem viés político aliado ao clima, que neste último caso, em 2019 iniciou com estiagem ainda no mês de maio com períodos de “friagem” que provocaram secagem do solo e da vegetação, provocando neste mês de agosto, período em que se registram mais queimadas, um índice ainda maior.

O clima seco, complementou o presidente da Faperon, provocou ainda mais as queimadas nas pastagens e as margens das BR´s. Em alguns casos, citou, provocadas intencionalmente, outros espontaneamente.

Queimada é técnica primitiva

Questionado se muitos produtores não provocam as queimadas para renovar as pastagens, Helio Dias esclareceu que em Rondônia, é necessário se entender que há dois diferenciais: “de Porto Velho para baixo, e grande parte da capital, há mais de 15 anos ninguém queima porque quer, a grande maioria não usa mais fogo em pastagens. Essa técnica tem sido considerada primitiva. O que se utiliza hoje e a tecnologia de ponta recomendada para gradear e recuperar a terra, e o plantio direto”, respondeu.

De acordo com ele, os casos que ainda ocorrem, vêm da parte de cidadãos que ainda não têm essa consciência e provocam queimadas de forma criminosa como as que ocorrem nas margens das Rodovias e acabam atingindo as propriedades.

“Infelizmente, é uma questão de cultura. O Governo Federal precisa mobilizar uma grande campanha para manter as margens das BR´s limpas e os donos de propriedades rurais manterem seus lotes gradeados a fim de que estes focos sejam reduzidos”, complementou.

Entre as regiões que mais registraram focos de incêndio no estado, Helio Dias citou a Norte, que engloba Porto Velho e entorno que “realmente estão fazendo desmatamento. Mas é importante observar que muitas dessas propriedades sequer são legalizadas, especialmente as localizadas na região conhecida  como Sul do Amazonas e no Pará, que faz divisa com o estado. As fumaças de queimadas para o estado vêm dali. Rondônia em tem um desmatamento bem pequeno se comparado a estas regiões”, esclareceu, acrescentando que, a grande maioria dos focos no estado são os que vem ao redor da Flona do Jamari e alguns desmatamentos clandestinos.

Reservas

Perguntado sobre a proteção das áreas de reservas ambiental e indígenas, o presidente da Faperon afirmou que o zoneamento agro ecológico em Rondônia destina as aptidões da terra e da água está sendo rediscutido depois de 20 anos. Conforme o presidente da Faperon, Rondônia conta com mais de 40% do seu território protegido por Leis Estadual e Federal, mas admitiu que boa parte foi invadida e sofreu queimadas criminosas.

“Cerca de 24% a 26% de todas as propriedades tem reserva privada, ou seja, que não são desmatadas. Em casos que já foram, os produtores têm 30 anos para fazer o reflorestamento. Mas é preciso uma campanhas mais intensiva por parte do Governos Estadual e Federal para que essas áreas seja mais protegidas. Houve falhas neste sentido”, confessou, observando também que o Exército, a Força Nacional e demais órgãos responsáveis precisam estar mais presentes nas áreas protegidas de reserva e parques.

Neste sentido, Helio Dias lembrou ainda de campanhas que ajudaram a diminuir o desmatamento em governos anteriores e que conforme salientou, “precisam ser retomadas, pois é preciso ter cuidado até para queimar lixo”.

No programa, Helio Dias também falou sobre a repercussão internacional em torno do tema que na opinião dele, envolve o interesse dos países do Mercosul e do G7 na competitividade e nos produtos brasileiros e nas riquezas da Amazônia; o Dia do Fogo; medidas para conservação da propriedade; Desmatamento Legal; orientou sobre queimadas conscientes; exploração de madeira; e outros assuntos de interesse de todos; e resumiu: “precisamos aprender com os erros deste ano, para o próximo corrigir”.

CONFIRA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

A VOZ DO POVO - Entrevista Helio Dias, presidente da Faperon


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