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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
Um juiz do estado americano da Flórida emitiu uma ordem nesta quarta (20) impedindo que o governo dos EUA prossiga com a deportação de 92 homens e mulheres para a Somália. O grupo alega ter sido mantido em condições desumanas dentro de um avião, durante dois dias, por agentes da imigração.
O grupo partiu no dia 7 de dezembro em um voo rumo a Mogadíscio, na Somália. O avião fez uma parada em Dakar, no Senegal, e permaneceu lá por 23 horas antes de voltar para os Estados Unidos. Segundo a ICE (Immigration and Costumes Enforcement), agência responsável pela imigração e alfândega nos EUA, a tripulação não teve o descanso suficiente para completar a viagem e voltou.
Segundo a ação, durante as 48 horas em que os somalis permaneceram dentro do avião, eles ficaram algemados e amarrados pelos pulsos, cinturas e pernas e forçados a permanecer sentados o tempo todo. Aqueles que protestavam eram espancados, arrastados pelo corredor e ameaçados pelos agentes da imigração. Em depoimento, o passageiro Farah Ali Ibrahim relatou a violência.
— Depois de cerca de 20 horas parados, me levantei para perguntar o que estava acontecendo e por que estávamos esperando ali. Um agente me agarrou pela camisa e eu caí. Outros agentes vieram, me arrastaram pelo corredor e me bateram muito. No fim, me colocaram uma camisa-de-força.
Além dos maus tratos sofridos, o grupo alega temer represálias ao chegar à Somália. Eles acreditam que podem virar alvos do grupo terrorista Al-Shabaab, que vem aterrorizando o país com ações contra pessoas que tenham relações com o Ocidente e mais especificamente com os EUA. Muitos dos deportados viviam há décadas no país.
O Al-Shabaab foi responsável pelo atentado a bomba que matou mais de 500 pessoas na capital da Somália no dia 14 de outubro deste ano.
Balanço final de atentado na Somália é de 512 mortos
Segundo a decisão do juiz Darrin Gayles, a imigração está impedida de deportar os passageiros até uma audiência marcada para o próximo dia 2 de janeiro. Além disso, os somalis devem ter garantidos o acesso a seus advogados e o tratamento médico para aqueles que se feriram dentro do avião.