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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
RONDÔNIA - Pais com crianças pequenas devem estar sempre alertas quanto a possíveis acidentes domésticos; e se a criança estiver começando a ficar em pé segurando em móveis e a andar, a atenção deve ser redobrada.
O alerta foi dado pela pediatra Fernanda Bressan, gerente médica do Hospital Infantil Cosme e Damião, em Porto Velho.
Segundo ela, é grande o número de crianças atendidas em decorrência de afogamento em rio e até em balde. Outros acidentes são por ingestão de corpos estranhos, como moedas, botão e até medicamentos controlados. Quedas de cadeira, da cama, da janela ou do carro; queimaduras provocadas por água quente ou leite quando a criança tenta pegar no fogão, assim como álcool. “Tivemos há poucos dias o caso de uma criança que sofreu queimaduras quando os irmãos brincavam ateando fogo com álcool. Por sorte ela já foi liberada”, lembrou.
Cobrir ou cercar piscinas, colocar grades nas janelas, não deixar medicamento ao alcance de crianças, assim como baldes ou outro depósito com água sem tampa vedada e prestar atenção nas escadas e na hora de comprar brinquedos que contenham partes pequenas que possam ser engolidas, cortar a criança ou mesmo ser inseridas no nariz ou ouvidos, são algumas das medidas apontadas por Fernanda Bressan para os pais ou cuidadores de crianças.
Em caso de acidente, a médica disse que a primeira coisa a fazer é colocar a criança no carro e se dirigir ao hospital mais próximo.
Outros acidentes acontecem fora do alcance dos pais, como foi o caso de Gustavo Henrique, de 11 anos, que caiu sobre o guidão da bicicleta provocando o surgimento de glândulas na região da virilha, conforme contou o pai, Hamilton da Silva.
De acordo com o Ministério da Saúde, acidentes domésticos como os citados pela pediatra Fernanda Bressan são a principal causa de morte de crianças de até 9 anos no Brasil. Na última década, houve queda nos óbitos de crianças nesta faixa etária, mas os números ainda são preocupantes. Os números revelam que as principais causas de mortes foram os riscos acidentais à respiração como, por exemplo, sufocação na cama, asfixia com alimentos e outros, seguidos pelos afogamentos e exposição à fumaça, ao fogo e às chamas.
Confira algumas dicas de como evitar sustos dentro de casa:
Queimaduras
Esses casos necessitam de atenção especial. Normalmente, a queimadura ocorre ao lado do fogão, quando crianças derrubam panelas e seu conteúdo sobre o corpo. Deve-se evitar cabo de panela voltado para fora do fogão, brincadeiras com álcool e fogo e também o uso de fogos de artifício.
Afogamentos
Para bebês e crianças pequenas, até baldes, banheiras e vasos sanitários podem oferecer riscos. Um adulto deve sempre supervisionar as crianças e adolescentes onde houver água, mesmo que saibam nadar ou que os locais sejam considerados rasos. É primordial cercar piscinas em casas onde há crianças.
Pediatra alerta que móveis próximos a janelas devem ser evitados devido o risco de quedas
Quedas
Além de observar e fornecer as orientações de comportamento e segurança para as crianças, os pais devem tomar providências como usar protetores nas tomadas e nas quinas dos móveis; não deixar cadeiras, camas e bancos perto de janelas; e providenciar antiderrapantes nos tapetes para evitar escorregões.
Intoxicação
Em casos de ingestão de inseticidas, álcool, detergentes e outras substâncias tóxicas, a primeira providência dos pais deve ser levar a criança para uma emergência hospitalar, para que os profissionais identifiquem a substância e o tratamento que será adequado para aquela situação.
Brinquedos
Na hora de escolher os brinquedos, considere a idade e o nível de habilidade da criança, seguindo as recomendações do fabricante. Procure brinquedos com o selo do Inmetro. Fique atento a brinquedos que podem oferecer risco de engasgamento (peças pequenas para bebê e as crianças menores), de estrangulamento (correntes, tiras e cordas) e de corte (pontas, bordas afiadas).
No carro
É importante tomar cuidados para que crianças sejam transportadas no carro de forma segura. Bebês de 0 a 1 ano devem ser transportados no bebê-conforto, no banco de trás, voltado para o vidro traseiro, segundo o Código de Trânsito Brasileiro; crianças de 1 a 4 anos devem ser transportadas em cadeira especial no banco de trás, voltada para frente; crianças de 4 a 6 anos, devem usar os assentos de elevação (boosters), com cinto de segurança de três pontos, e serem conduzidas sempre no banco traseiro. Após os sete anos e meio, as crianças, no banco de trás, podem usar apenas o cinto de segurança de três pontos. Por lei, só é permitido sentar no banco da frente a partir dos 10 anos de idade e com cinto de segurança.
Viva
O Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva) foi implementado com o objetivo de obter informações sobre o comportamento de acidentes, subsidiar ações de enfrentamento dos determinantes e condicionantes das causas externas. O Viva registrou 15.098 atendimentos por acidentes domésticos realizados em serviços de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde. Deste total, 32% eram menores de 9 anos de idade, ou seja, 4.740 crianças. A pesquisa, realizada entre setembro e novembro de 2009, mostra que 57% dos atendimentos foram de meninos. Em 58% dos casos, o tipo de ocorrência eram quedas e 31% das lesões eram cortes ou lacerações.
Números
Na última década, houve queda também nas internações de crianças vítimas de acidentes domésticos. Em 2010, foram 11,6 mil internações de crianças por acidentes domésticos, que custaram R$ 8,2 milhões. No ano seguinte, o número de hospitalizações caiu para 10,2 mil. Dentro da faixa etária que vai de 0 a 10 anos, as principais vítimas são os menores de 1 ano. Em 2000, foram 376 mortes em crianças dessa faixa, contra 253 em 2010.
Os riscos acidentais à respiração foram responsáveis por 348 mortes de crianças com até 10 anos em 2000, o que corresponde a 40% dos óbitos por essa causa naquele ano. Já em 2010, o número reduziu para 252, representando 42% das mortes. Os afogamentos caíram de 247 para 168 no mesmo período. As mortes decorrentes de exposição à fumaça, ao fogo e às chamas diminuíram de 102 para 64 nesses dez anos.
Desde 2001, o Ministério da Saúde investe na Política Nacional de Redução da Mortalidade por Acidentes e Violências. Através da Portaria 22, de agosto de 2012, o órgão estabeleceu repasse de R$ 31 milhões para ações de vigilância e prevenção de violências e acidentes.