Fundado em 11/10/2001
porto velho, sábado 20 de setembro de 2025
Um estudo conduzido por pesquisadores da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) aponta que mais de 2 milhões de trabalhadores do setor da saúde de nível técnico e auxiliar, além dos que exerce atividades de apoio e assistência, vivem em condições de desigualdade, exploração e preconceito.
A pesquisa "Os trabalhadores invisíveis da Saúde: condições de trabalho e saúde mental no contexto da Covid-19 no Brasil" conclui também que a pandemia aprofundou essas questões. Para traçar esse perfil, especialistas analisaram condições de vida, de trabalho, o cotidiano e a saúde mental desses profissionais.
Segundo Maria Helena Machado, pesquisadora da Fiocruz, trata-se de técnicos e auxiliares de enfermagem, radiologia, saúde bucal, análises clínicas e de laboratório, motoristas de ambulância, equipes administrativas, porteiros, recepcionistas e secretárias de unidades de saúde, seguranças, farmacêuticos, funcionários da limpeza e das cozinhas e também funcionários de cemitérios.
"Esses trabalhadores são considerados 'invisíveis' socialmente, mas cada um deles tem uma atividade, uma importância monumental. Essa invisibilidade não veio com a pandemia, é estrutural, seja no sistema público, privado ou filantrópico. É preciso rever isso. Não é só médico, enfermeiro, psicólogo, dentista, que deve ser considerado pela sociedade como profissional da saúde. Isso é muito mais amplo, tem que ser mais inclusivo", pondera a pesquisadora.
Maria Helena afirma que essa invisibilidade velada atinge a saúde dos profissionais, causando "sofrimento emocional", porque eles "se sentem trabalhadores da saúde, são úteis como tal, mas não são reconhecidos". "Nada pior na vida do que trabalhar e sentir essa importância, reconhecimento. E pior, quem está ao seu redor nem sabe que você existe, o que pensa", diz ela, que aponta possíveis fatores para a construção da invisibilidade.
"A cultura organizacional, das corporações, da sociedade elitista, é incapaz de observar que além do diploma de doutor, do diploma universitário, os outros também podem ter esse conhecimento e experiência para oferecer em uma equipe. É uma cultura de não enxergar para além do que é muito semelhante", elenca.