RONDÔNIA - A famigerada contratação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso para palestra de uma hora de duração em evento que será realizada no dia 18 de maio, em Porto Velho, durante o VII Fórum de Direito Constitucional e Administrativo, aplicado aos Tribunais de Contas, está virando motivo de piada nacional.

Apesar do valor de R$ 46,8 mil para uma hora de bate papos ter sido publicado no Diário Oficial do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE/RO) no dia 28 de março, o ministro disse não saber do que se trata, afirmando ainda que não faz contratos com órgãos públicos e que, se soubesse que falaria em um seminário do Tribunal de Contas de Rondônia, teria rejeitado.

O valor anunciado pelo edital de dispensa de licitação do TCE-RO também foi rechaçado pelo ministro, que considerou um absurdo, colocando em cheque a comissão de licitação do TCE-RO, que terá que justificar como contrata algu´m que não sabe onde nem pra quem palestrará.

O Seminário em questão acontecerá no dia 18 de maio, em Porto Velho, durante o VII Fórum de Direito Constitucional e Administrativo, aplicado aos Tribunais de Contas. Realmente o contrato não foi feito direto com o Ministro Barroso, mas sim, através da Supercia Capacitação e Marketing Ltda – EPP, que empresaria as palestras do ministro.

Apesar do dia 18 de maio cair em uma sexta-feira, portanto, dia de expediente no STF, o Ministro Barroso vai ganhar por uma hora de palestra, mais do que um mês inteiro do seu já alto salário na Corte. O valor a ser pago pelo Tribunal de Contas do Estado de mais de R$ 46 mil pode até ser legal, mas é totalmente imoral, visto as dificuldades que o Estado enfrenta para honrar seus compromissos com os profissionais de Educação, da Saúde e diversos outros segmentos que estão em greve ou que ameaçam parar nos próximos dias.

Apesar de estarmos longe dos grandes centros, a notícia da contratação superfaturada da palestra do ministro Barroso tem sido contestada pelos grandes veículos do país. A colunista da Folha de São Paulo, Mônica Bergamo disse não acreditar que o ministro não saiba para quem vai palestrar e o quanto vai cobrar. O colunista Miguel do Rosário, diz em seu blog O Cafezinho, que “quem mentiu foi o ministro. E mentiu conscientemente, porque em 2017, ele deu a mesma palestra e auferiu o mesmo valor”, escreveu.

O colunista vai além e faz um comparativo do valor da hora de trabalho do ministro com a renda do povo de Rondônia. “Segundo o IBGE, o rendimento familiar mensal per capita de Rondônia em 2017 foi de R$ 957. Ou seja, os trabalhadores de Rondônia tem de trabalhar 49 meses para ganhar o que Barroso ganhará, do governo de Rondônia, em apenas uma hora. Isso é Brasil. Esse é o ministro Luis Roberto Barroso. Isso é o judiciário brasileiro, que se tornou como que uma enorme e luxuosa embaixada americana incrustada numa cidade africana miserável”, comparou.