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porto velho, segunda-feira 22 de setembro de 2025
O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (6) que o Brasil terá três meses consecutivos de deflação, mas a batalha contra a elevação dos preços não está ganha. Segundo ele, a autoridade monetária não pensa em queda de juros neste momento, mas sim em finalizar o trabalho de convergência da inflação para as metas.
Segundo Campos Neto, como o Brasil iniciou o processo de alta de juros antes das demais economias do mundo, há uma expectativa do mercado de que o trabalho está feito e de que os juros devem começar a cair.
"A gente tem comunicado que não pensamos em queda de juros, mas finalizar o trabalho, que significa convergir a inflação. A gente entende que a inflação teve alguma melhora recente por medidas do governo. Tem uma outra melhora que vem acompanhada disso, mas há um elemento de preocupação grande. Vamos passar por três meses de deflação, mas batalha não está ganha", disse Camps Neto durante o evento Valor 1000.
O presidente do BC avalia que o mercado precifica uma queda contínua da inflação, enquanto ele divide esse processo em duas etapas, com uma redução inicial de preços de energia e alimentos.
"A gente olha no final, a inflação cheia está alta e núcleos estão subindo muito no mundo. A inflação começou com energia, alimentos e um pouco de serviços. E agora começa a contaminar toda a cadeia. Por isso eu digo que o mundo tem dificuldade na luta com a inflação. Os mercados quase que precificam que a queda da inflação será contínua e eu entendo que não", destaca.
O presidente do BC ainda afirmou que os governos das maiores economias do mundo têm adotado medidas para compensar o aumento da inflação de várias formas, com gastos entre 1,5% e 2% do PIB. "A principal pergunta hoje é se inflação vai continuar alta com desaceleração econômica no mundo. Os ativos podem sofrer uma reprecificação com Fed e com desaceleração global", disse.
Na avaliação de Campos Neto, a inflação em 12 meses no Brasil chegou ao pico no Brasil e começa a melhorar. Ele vê a ociosidade no mercado de trabalho é um dos pontos importantes para análise na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e não descarta um possível ajuste final" da taxa Selic.