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    porto velho, sábado 20 de setembro de 2025

PEC da Gastança é perigosa para futuro da economia brasileira, avaliam especialistas

Mercado reage após apresentação da minuta com impacto de R$ 198 bilhões no orçamento fora do teto e falas de Lula na COP 27


cnn

Publicada em: 17/11/2022 14:47:51 - Atualizado

Economistas consultados pelo site avaliaram as falas do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quinta-feira (17), como perigosas para o futuro da economia do Brasil.

Lula voltou a criticar o teto de gastos na COP27, em Sharm el-Sheik, no Egito, em discurso a representantes de movimentos sociais. No dia seguinte à entrega da minuta da PEC pela equipe do Estouro ao Congresso, Lula afirmou que “não adianta ficar pensando só em responsabilidade fiscal” e afirmou que quando se fala em teto de gastos, se tira dinheiro “da saúde, da educação e da cultura”.

Segundo o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Jr., em sua campanha, Lula nunca apresentou nenhum projeto econômico e em momento algum cogitou falar um nome para o ministro da Fazenda, além de sempre se posicionar contra o teto de gastos. “Todas as falas do presidente eleito, antes e depois das eleições, nunca estiveram atreladas à responsabilidade fiscal”, avalia.

O economista explica que, com as propostas apresentada na minuta da PEC, a trajetória da dívida ficará impossível de ser paga. De acordo com ele, os analistas preveem uma alta de 20 pontos percentuais da dívida brasileira em quatro anos, dificultando seu financiamento. “A saída será cobrar juros mais alto. O Brasil é um país com um grau de investimento baixo e está arriscado a tomar um novo downgrade, pois o mercado global não esperava tanto gasto”, diz.

Levantamento da XP divulgado nesta semana calcula que tirar R$ 175 bilhões do alcance do teto constitucional de gastos pode levar a dívida bruta brasileira dos atuais 76% para até 97,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

Esse cenário mais negativo para a economia brasileira, conforme avaliou Faria Jr., já estava traçado antes dos R$ 198 bilhões previstos pela PEC. “Agora ficou mais sensível, pois a proposta é de que esse gasto seja permanentemente”, alerta.

Faria Jr. avalia que, se os juros sobem, consequentemente, os projetos de empresas ficam piores, a distribuição de dividendos cai, a despesa financeira sobe e outras companhias perdem o interesse de investir no país. “São essas causas que fazem o dólar subir tanto, e é o que o país está vendo agora neste momento”, aponta.

Para ele, ainda há muitas dúvidas sobre o que será aprovado, mas tanto Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, estão dando sinais de que querem o “Bolsa Família” fora do teto em 2023. “Isso já é uma atitude perigosa, pois qualquer concessão que for feita, não vai mais recuar. O ideal seria seguir a ideia do atual ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, em que ele sugere um estouro do teto em R$ 80 bilhões”, destaca.



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