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Entenda como juros altos no Brasil e nos EUA influenciam investimentos internacionais

Especialistas consultados explicam como as taxas impactam na forma de alocar seu dinheiro nos fundos disponíveis no mercado


cnn

Publicada em: 22/02/2023 10:57:05 - Atualizado

Os juros estão no centro do debate econômico. O último impulso para o tema foi dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou a criticar com frequência a Selic em 13,75%, assim como a independência do Banco Central (BC) e a atuação do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.

O patamar de 13,75% foi definido na reunião Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de 3 de agosto, quando aumentou em 0,5 ponto percentual. Desde então, o grupo tem mantido este patamar, o maior desde dezembro de 2016, mas com indicação de que pode haver novas altas conforme o cenário inflacionário.

A escala nos juros não é exclusiva do Brasil. Com um cenário global de pressão inflacionária como consequência do período de pandemia seguido por guerra entre Rússia e Ucrânia, as autoridades monetárias se veem compelidas a subirem os juros como instrumento para tentar conter a subida dos preços.

Nos Estados Unidos a taxa de juros vem subindo sistematicamente desde janeiro de 2022. O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, aumentou as taxas de juros do país pela última vez em 1º de fevereiro para uma faixa de 4,5% a 4,75% — alta de 0,25 ponto percentual. Tudo indica que deve continuar aumentando – ainda não se sabe em que medida – nas próximas reuniões do Fomc, o comitê de política monetária do Fed.

Na Europa o cenário se repete. O Banco Central Europeu (BCE) vem aumentando os juros a um ritmo recorde para eles. O banco central dos 20 países que compartilham o euro aumentou a taxa de depósitos bancários em mais 0,5 ponto percentual, para 2,5%. A instituição ainda afirmou que o próximo aumento da taxa será do mesmo tamanho.

Os juros mais altos miram controlar a inflação, mas acabam tendo outros desdobramentos. Entre eles, levam investidores para a renda fixa.

Fabio Fares, especialista em Análise Macro da Quantzed, explica que juros altos significa custo do dinheiro mais alto. “Nesse cenário, você tem que ter um prêmio de risco maior para valer a pena apostar. Seja o governo brasileiro ou o governo americano, se estão pagando juros altos, o investidor terá uma rentabilidade melhor se deixar o dinheiro investido nos títulos da dívida dos países”.

Fares mostra que quanto mais altos os juros, maior o spread entre o risco de investir na renda fixa e na bolsa. “Para que eu vou correr risco na bolsa se o governo está pagando 13,75% aqui no Brasil e tá me pagando 4,75% nos Estados Unidos? Além disso, renda variável, não tem garantia de retorno. Então, quanto mais os juros ficam altos, mais o rentismo é estimulado”.

Na visão de Sandro Maskio, professor de economia da Strong Business School, no cenário dos juros americano, o dólar, como moeda de maior conversibilidade internacional e menor risco, torna os investimentos financeiros em títulos da dívida pública norte-americanos mais atrativos.

“O mundo vivencia o desafio de conter a elevação de preços. Isso pressiona os demais países a elevarem as taxas básicas de juros para execução da política monetária. Quanto mais deteriorada a condição fiscal do país e maior o grau de risco de investimentos em títulos de sua dívida pública, maior é essa pressão”, pontua Maskio.

“Como a elevação da taxa básica de juros, que se observa em diversos países do mundo, as aplicações em títulos de renda fixa — como os títulos públicos — se tornam mais atrativas e com menor risco, frente a outras opções, em especial aos títulos de renda variável, como as ações”. Explica.


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