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    porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024

Policial penal velado hoje denunciou crescimento de facções criminosas

Corpo de Juraci Santos Duarte está sendo velado em Vilhena. Policial penal teve trajetória marcada também pelo desenvolvimento de projetos sociais


Rondonoticias e Folha do Sul

Publicada em: 22/01/2020 12:26:00 - Atualizado

VILHENA RO - O policial penal Juraci Santos Duarte, 40 anos, que perdeu a vida após duas semanas na UTI do Pronto Socorro de Cuiabá (MT), denunciou em fevereiro do ano passado, o crescimento de facções criminosas no estado. Com a autoridade de quem comandou o maior complexo penal do Cone Sul, o policial penal, cujo corpo está sendo velado hoje, em Vilhena, relacionava a criminalidade crescente na maior cidade da região do Cone Sul, à influência de duas grandes facções: CV e PCC.

Em entrevista concedida à imprensa local na ocasião, ele citou que o número de assaltos à mão armada, homicídios, latrocínios e crimes relacionados em Vilhena disparou nos últimos cinco anos. Apesar de muitos relacionarem o fenômeno com a construção do Presídio de Vilhena, relatou que dados podem apontar uma causa diferente na escalada violenta: a disputa de poder e “respeito” das organizações Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC).

Saindo de 30 para mais de 60 por ano, o número de homicídios assustou os vilhenenses nos últimos anos. A sensação de insegurança cresceu na mesma proporção, enquanto muitas medidas deixaram de ser tomadas para impedir este movimento.

De acordo com o que declarou o policial penal, sofrendo com baixo efetivo, a Polícia Militar tem dificuldade de cobrir todo o município com patrulhas 24 horas. Por sua vez, o Presídio dispõe de um scanner corporal de raio-x avaliado em R$ 4 milhões, mas que está desativado. As dificuldades que ainda permanecem, parecem ainda mais preocupantes com a falta de motivação dos profissionais das forças de segurança, que organizam até mesmo greves e paralisações.

“O aumento do crime em Vilhena está relacionado ao fortalecimento e estabelecimento das organizações do crime, como o PCC e o CV. Na cidade elas têm a particularidade de cometerem crimes em busca de ‘respeito’. Matam por nada. Isso é mais próximo de terrorismo do que de crime com objetivo financeiro”, analisou Juraci Duarte.

Na opinião dele, explanada durante a denúncia, o poder público “fechou os olhos” para a Segurança nos últimos anos e deixou que as organizações passassem a comandar todas as unidades prisionais do Estado, com destaques negativos próximos de Vilhena, inclusive, como Cerejeiras, Costa Marques, São Francisco e outros.

“O Presídios viraram os quartéis generais do crime, tanto que 90% das ocorrências acontecem a mando de detentos”, revelou.

Entre as soluções apontadas por ele, estão a unificação das bases de dados das forças de segurança, o reforço dos trabalhos de inteligência, leis mais rígidas e estruturar um sistema prisional mais eficiente.

Orgulhoso da segurança de sua cidade, o vilhenense afirmou durante a entrevista, que ficava triste em ver o “Portal da Amazônia” ser tomado por pichações de organizações criminosas, além de ter de tomar precauções adicionais para sua segurança nas ruas. Ainda assim, os números das autoridades mostram que a maioria esmagadora dos casos violentos envolve apenas aqueles que estão no seio do crime e pouco atingem os moradores em geral.

Causa da morte e trajetória

Graduado em Educação Física, Juraci Duarte teve morte encefálica confirmada na última sexta-feira (17) após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) durante uma competição esportiva. 

Nascido em novembro de 1979, no Cone Sul de Rondônia, Duarte ingressou em 2005 na Sejus como agente penitenciário e chegou a ser diretor geral do Grupo de Intervenção Tática, em Porto Velho.

Além de diretor do Centro de Ressocialização do Presídio de Vilhena, onde desenvolveu projetos como a confecção de bolas de bolas e redes de futebol para as Escolas Públicas, foi diretor geral da penitenciária estadual Edvan Mariano Rozendo, conhecida como "Panda”, e diretor geral do Centro de Ressocialização Vale do Guaporé.

Em 2010 se candidatou a deputado estadual, mas não venceu o pleito e voltou a disputar a eleição em 2018. O policial penal deixa tem três filhos, a esposa, a família e uma infinidade de amigos que o admiravam.


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