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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
BRASIL - A Justiça de São Paulo negou o pedido de prisão preventiva do empresário Saul Klein e de outros suspeitos de crimes sexuais. O juiz Fábio Calheiros do Nascimento, de Barueri, encaminhou novamente o caso à Polícia Civil para que sejam feitas mais diligências, a pedido do Ministério Público.
Ao concluir o inquérito, em abril deste ano, a polícia indiciou e pediu a prisão preventiva do empresário e de mais nove pessoas contra catorze mulheres.
O grupo foi indiciado por sete crimes: organização criminosa, tráfico de pessoas, estupro, estupro de vulnerável, favorecimento à prostituição, manter casa de prostituição e promover trabalho análogo à escravidão.
Na sua manifestação, o Ministério Público foi contrário ao pedido por entender necessária a continuidade das investigações e ausentes os requisitos.
Na decisão, do dia 15 de maio, o juiz diz que indeferiu o pedido de prisão preventiva dos suspeitos porque entende ser a medida "mais drástica do sistema jurídico" e, por isso, "deve ser algo excepcional". A Justiça, no entanto, proibiu o contato entre os suspeitos e as vítimas, além de determinar a entrega de passaporte de cinco suspeitos (entre eles não está Saul Klein).
Saul Klein tem 68 anos e é filho de Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, que morreu em 2014. A Via, atual proprietária das Casas Bahia, informou que Saul nunca possuiu nenhum vínculo ou relacionamento com a companhia. Saul vendeu sua parte societária em 2009 e só em 2010 a Via assumiu a gestão da rede de lojas. A companhia informou ainda que é uma corporação sem acionista controlador ou bloco de controle definido.
Polícia de SP pede a prisão do empresário Saul Klein por exploração sexual de mulheres
A Polícia Civil de São Paulo indiciou e pediu a prisão preventiva do empresário Saul Klein por crimes sexuais contra 14 mulheres, com idades entre 16 e 24 anos, que aceitaram testemunhar no inquérito.
Outras nove pessoas suspeitas de envolvimento nos crimes também foram indiciadas.
Em 2020, as vítimas contaram ao Fantástico detalhes de festas que teriam sido promovidas pelo empresário.
"A gente tinha que falar com voz fina, vozinha de criança. Tinha menina que tinha que andar de boneca pela casa. As novatas ficavam bem chocadas, não podiam ir embora, a casa era cercada de seguranças e muros", disse uma das vítimas.
Outra vítima contou como foi o primeiro contato com Saul. Ela afirmou que foi levada ao flat e instruída a decorar um texto, e que deveria ter uma espécie de perfil que o agradasse, como um personagem que dançava balé.
Outra disse que deveria se passar por alguém importante. "Deveria dizer que a mãe era dona de uma empresa de roupas e que seu pai era empresário", declarou.
Mulheres acusam empresário paulista de aliciamento e estupro; MP investiga o caso
À polícia, elas contaram que eram recrutadas em um apartamento preparado para parecer uma empresa e que foram atraídas de várias formas. Algumas disseram que foram abordadas na rua, enquanto outras foram convidadas por redes sociais.
A proposta, segundo elas, era de trabalhar como modelo em eventos, mas depois descobririam que receberiam para manter relações sexuais com o empresário, e ficar à disposição dele 24h por dia.
Começo da investigação
A delegada Priscila Camargo, titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri, na Grande São Paulo, afirmou que o inquérito tramita há mais de 15 meses e ainda há outras pessoas a serem indiciadas.
A investigação na Polícia Civil de Barueri começou em 2020, a pedido do MP, após o recebimento de denúncias de estupro, tráfico de pessoas e favorecimento à prostituição.
Polícia pede prisão preventiva de Saul Klein por crimes sexuais contra 14 mulheres
Advogado de defesa de Klein, André Boiani e Azevedo disse que o "indiciamento é um ato discricionário da autoridade policial que não vincula os demais atores processuais". "Saul e sua defesa técnica respeitam o posicionamento da Polícia Civil, mas entendem que a análise atenta e isenta dos elementos do inquérito levará o Ministério Público e o Judiciário a concluírem por sua inocência", afirmou.
Segundo a advogada Priscila Pamela dos Santos, que defende as 14 vítimas, "são muitos os elementos que comprovavam a prática do crime".
"O processo demorou dois anos, pois eles aguardaram juntamente com as investigações, o grupo do projeto justiceiras, que fez acompanhamento e acolhimento das vítimas, que precisava de 'alguns desfechos'. A delegada entendeu a prática dos crimes por parte dos envolvidos, e indiciou Saul Klein".