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porto velho, segunda-feira 30 de dezembro de 2024
MUNDO - Os ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha e Reino Unido se reunirão com representantes iranianos na próxima segunda-feira, informou o governo francês, depois que o presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã.
Os três países assinaram o acordo em 2015, ao lado do Irã, Estados Unidos, China e Rússia.
"Vou me reunir com meus colegas britânico e alemão na segunda-feira, e também com representantes do Irã, para considerar toda a situação", declarou o ministro francês Jean-Yves Le Drian à rádio RTL. "Os iranianos devem seguir determinados a permanecer no acordo em troca de ajudas econômicas que os europeus vão tentar preservar", disse.
"O acordo não está morto. Existe uma saída norte-americana do acordo, mas o acordo ainda está de pé", disse o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian.
O presidente francês, Emmanuel Macron, conversará nesta quarta por telefone com o colega iraniano Hassan Rohani para informar que a França deseja "manter o acordo" e pedir que faça o mesmo, completou o chanceler.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça a retirada de seu país do acordo nuclear iraniano e a retomada imediata das sanções econômicas contra Teerã, uma decisão condenada por seus aliados europeus e elogiada por Israel e Arábia Saudita.
O pacto de 2015, negociado pelos EUA, cinco potências mundiais e o Irã, suspendeu sanções impostas a Teerã em troca da limitação de seu programa nuclear. Fruto de mais de uma década de diplomacia, o entendimento foi concebido para impedir os iranianos de obterem uma bomba nuclear.
Trump criticou o acordo, a principal conquista de política externa de seu antecessor Barack Obama, pelo fato de não abordar a questão dos mísseis balísticos do Irã, suas atividades nucleares depois de 2025 e seu papel nos conflitos da Síria e do Iêmen.
A União Europeia disse que continuará comprometida com o acordo e que fará com que as sanções impostas ao regime continuem suspensas contanto que Teerã cumpra seus compromissos.
"Vamos respeitar o acordo e faremos todo o possível para que o Irã se atenha a suas obrigações", declarou nesta quarta a chanceler alemã Angela Merkel.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que o Reino Unido trabalha com os seus aliados europeus para "abordar" os problemas colocados pela decisão de Trump. A premiê insistiu que tinha sido clara em "uma série de conversas com o presidente dos Estados Unidos" que o Reino Unido considerava que o acordo iraniano deveria ser mantido.
Com ou sem Washington, Paris, Berlim e Londres pretendem prosseguir com os esforços para preservar o texto negociado com Teerã, que pretende garantir o caráter não militar de seu programa nuclear, além de evitar uma escalada na região.
O presidente Hassan Rouhani afirmou na terça que o Irã continuará comprometido com o acordo sem Washington, apesar da decisão de Trump. "Se alcançarmos os objetivos do acordo em cooperação com outros membros do acordo, ele continuará em vigor...Ao deixar o acordo, a América comprometeu oficialmente seu compromisso com um tratado internacional", disse Rouhani em discurso televisionado.
A decisão de Trump eleva o risco de um aprofundamento nos conflitos no Oriente Médio, cria atrito entre os EUA e interesses diplomáticos e empresariais europeus e provoca incerteza a respeito dos suprimentos globais de petróleo. Os preços do petróleo subiram mais de 2 por cento nesta quarta-feira, e o Brent teve sua maior alta em três anos e meio.
A saída dos EUA ainda pode fortalecer a linha-dura do regime iraniano à custa dos reformistas de sua arena política.