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porto velho, domingo 9 de março de 2025
MUNDO: Os Estados Unidos retomam, nesta sexta-feira, 7, a execução por fuzilamento pela primeira vez após 15 anos. Um homem, de 67 anos, condenado por matar pais da ex com folpes de taco de beisebol, será submetido à pena de morte às 6h do horário local (20h do horário de Brasília), na Carolina do Sul.
Brad Sigmon será amarrado a uma cadeira na câmara de execução e terá um alvo na altura do coração. Antes de ser submetido ao pelotão de fuzilamento, ele poderá dizer suas últimas palavras e depois, terá um capuz colocado em sua cabeça. Em seguida, uma cortina será puxada para proteger os espectadores, e três voluntários armados passam a disparar simultaneamente.
De acordo com a agência de notícias Associated Press, as balas são projetadas para se estilhaçar no impacto com o peito da vítima. Sigmon será a primeira pessoa a ser executada dessa forma desde 2010, e a quarta desde que a pena de morte foi retomada no país há 49 anos. Isso só não ocorrerá a menos que o governador ou a Suprema Corte dos EUA concedam um adiamento de última hora.
A execução por fuzilamento é raramente usada nos Estados Unidos, embora seja comum em outros países, como na Indonésia, onde os brasileiros Rodrigo Muxfeldt Gularte e Marcos Archer Cardoso Moreira foram fuzilados.
O crime de Sigmon
O homem espancou com um taco de beisebol os pais de sua ex-namorada até a morte depois de ficar bravo por ter sido expulso do trailer que o casal vivia, no Condado de Greenville, onde ele morava de favor.
Os investigadores apontaram que o homem perseguiu os dois de um lado a outro do veículo, os agredindo até a morte. Em seguida, ele sequestrou a ex, que ficou sob a mira de uma arma até conseguir escapar do carro onde estava. Sigmon atirou na mulher enquanto ela corria, mas não acertou nenhum dos disparos.
"Minha intenção era matá-la e depois a mim mesmo. Essa era minha intenção o tempo todo. Se eu não pudesse tê-la, não deixaria mais ninguém tê-la. E eu sabia que chegaria ao ponto em que não poderia mais tê-la”, afirmou em sua confissão. Ele também alegou que os matou depois da ex se recusar a reatar o relacionamento.
Ao ser condenado, ele escolheu o fuzilamento porque considerou piores as demais opções oferecidas pelo tribunal. Ele ainda poderia optar pela cadeira elétrica, “que o cozinharia vivo”, segundo seus advogados, ou uma injeção letal, cujos dados são mantidos em segredo pelo estado.
Ele também não quis a injeção de pentobarbital, pois temia que fosse enviado um fluxo de fluido para seus pulmões e ele se afogasse. Nesta quinta-feira, 6, ele pediu a adição da execução à Suprema Corte dos EUA sob a justificativa de que o estado não divulga informações suficientes sobre a droga utilizada na injeção letal.
Sigmon ainda tem uma chance de sobreviver. Ele está detido há 23 anos e poderá ter a sua sentença revertida para prisão perpétua, após um pedido feito por seus advogados para o governador da Carolina do Sul, o republicano Henry McMaster. A defesa alega que ele é um prisioneiro-modelo, cujos guardas confiam, e que sucumbiu a uma doença mental grave.
Momentos antes da morte
O prisioneiro poderá ter sua última refeição com alguns colegas no corredor da morte e planeja doar os créditos – que podem ser trocados por produtos de higiene e papelaria – acumulados em seus trabalhos na prisão.
Uma ligação será feita pelo diretor da prisão para McMaster e o Gabinete do Procurador-Geral da Carolina do Sul pouco antes do início da execução. Se não houver nenhuma apelação pendente e o governador recusar a clemência, Sigmon será conduzido para a câmara da morte.
A última clemência para um prisioneiro da Carolina do Sul foi concedida em 1976. Desde então, 46 homens foram condenados à morte no estado, sendo somente 4 (contando com Sigmon) por fuzilamento.
As execuções de presos tem ocorrido em média a cada cinco semanas. Outros dois presos aguardam suas mortes, pois já tiveram o caso transitado em julgado. Eles também poderá escolher como querem que a sentença seja cumprida.
Como é a Câmara
A câmara fica próximo do corredor da morte. Os atiradores estarão a uma distância de 4,6 metros de Sigmon, e usaram balas AP Urban Winchester de calibre .308, frequentemente usadas por policiais. As balas usadas são projetadas para estilhaçar com o impacto no corpo, e lançam fragmentos que destroem o coração, causando a morte quase que imediatamente.
Pouco antes de ser executado, um capuz será colocado na cabeça do condenado. O momento será presenciado por advogados dele, familiares das vítimas e três membros da mídia, por trás de um vidro à prova de balas.
Após a execução, um médico confirmará a morte de Sigmon. Todo o processo dura no máximo 5 minutos, tempo quatro vezes menor que o necessário para uma injeção letal, por exemplo.