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porto velho, domingo 12 de janeiro de 2025
Um país com grande parte das escolas e do comércio aberta, duas vacinas já aprovadas e sendo aplicadas na população e metas ambiciosas para controlar a pandemia e voltar à vida normal "até a Páscoa".
Esse era o Reino Unido até recentemente. Mas nesta semana o premiê britânico, Boris Johnson, decretou a volta do lockdown na Inglaterra em seus moldes mais restritos desde março do ano passado, o auge da primeira onda da pandemia.
Escolas e comércio não essencial ficarão fechados, as pessoas estão proibidas de sair de casa a não ser por motivos especiais (como ir ao mercado) e grande parte do país ficará fechado pelo menos até metade de fevereiro.
Há algumas semanas, Johnson havia sugerido que a vida poderia voltar ao normal já na próxima Páscoa. Agora, ele alerta que restrições rígidas (não necessariamente do mesmo nível das atuais) devem seguir até esse mesmo feriado.
O motivo das medidas: enquanto o país vivia uma euforia com o começo da vacinação, os números de casos, hospitalizações e mortes por covid-19 dispararam para muito além das previsões das autoridades e especialistas. E parte desse aumento foi atribuído a uma nova variante do coronavírus que tem chegado a diversos países, inclusive o Brasil.
Pior que no Brasil
O Reino Unido vive hoje uma situação muito pior do que a do Brasil — em termos aceleração da doença.
Em números absolutos, o Brasil ainda supera os britânicos com 7,7 milhões de casos e 196 mil mortes oficiais por coronavírus desde o começo da pandemia. Em contraste, o Reino Unido teve 2,7 milhões de casos e 58 mil mortes. São quase três vezes mais mortes no Brasil do que no Reino Unido.
Mas neste momento a doença está acelerando em um ritmo muito mais forte no Reino Unido.
Nas últimas 24 horas, o Reino Unido registrou 58,784 mil casos novos — contra 18,102 mil do Brasil (números do portal Conass). Números semelhantes a esses têm se repetido nos últimos dias nos dois países.
Mas é preciso lembrar que a população brasileira é três vezes maior do que a britânica — e mesmo assim o Brasil está registrando apenas um terço de casos novos por dia, em comparação com o Reino Unido.
O número de casos novos para cada 100 mil habitantes — uma métrica comum entre especialistas — deixa isso mais claro: na segunda-feira (4/1), foram 88 casos novos por dia no Reino Unido para cada 100 mil pessoas, contra apenas 9 no Brasil.
O Reino Unido vem registrando uma média diária de 611 mortes — patamar semelhante ao do Brasil, mesmo tendo apenas um terço do tamanho da população brasileira. Em setembro, o Reino Unido registrava menos de cem mortes por semana.
Brigas e recuos
Os números da covid no Reino Unido mostram que o país passou por uma montanha-russa durante a pandemia.
De virtualmente controlada (com apenas 401 casos novos diários no dia 4 de julho) para completamente desgovernada (foram 80,644 casos novos em um só dia, em 29 de dezembro), o país enfrentou meses marcados por intensos debates, brigas e recuos em medidas de restrições.
Em setembro, no início do ano letivo britânico, a covid-19 parecia estar sob controle o suficiente para permitir a reabertura de escolas e volta de estudantes às universidades.
Mas no mês seguinte, o número de casos acelerou consideravelmente — especialmente nos campi universitários do norte da Inglaterra — e o governo anunciou um sistema com três categorias de restrições, de acordo com o número de casos em cada área.
Naquela época, a maior parte da Inglaterra estava na categoria um, a menos restritiva. Mas gradualmente mais regiões foram subindo de categoria, na medida em que a pandemia piorava.
O premiê Boris Johnson dizia para a população que o objetivo do governo era garantir festas de final de ano mais próximas da normalidade, com pessoas podendo viajar e visitar seus familiares.
Com base nessa promessa, o governo decretou um lockdown no mês de novembro, que afetou o comércio, mas não fechou a maior parte das escolas do país. O auxílio econômico dado a empresas com folhas de pagamentos de salário foi estendido até março deste ano.
As medidas reverteram a tendência de subida da covid-19: de 170 mil casos novos por semana em média, no começo de novembro, para 101 mil no final do mês. E o país reabriu parcialmente no começo de dezembro, quando acabou o lockdown.