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porto velho, quarta-feira 18 de junho de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (21) que a manutenção da taxa de juros em 13,75% pelo Banco Central é “irresponsabilidade” e que vai continuar brigando para reduzi-la, visando fomentar a economia com mais investimento.
Em entrevista ao portal de esquerda 247, Lula afirmou que o patamar atual da Selic é um “absurdo” e agrada apenas o sistema financeiro.
“Não há nenhuma razão, nenhuma explicação, nenhuma lógica. Só quem concorda com juros altos é o sistema financeiro, que sobrevive e vive disso e ganha muito dinheiro com especulações”, disse o presidente.
O presidente também criticou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, alegando que ele não tem compromisso com a lei de autonomia da instituição ao não se importar com a questão do emprego.
“Sinceramente acho que o presidente do Banco Central não tem compromisso com a lei que foi aprovada de autonomia. A legislação diz que é preciso cuidar da responsabilidade da autonomia monetária, mas é preciso cuidar da inflação também, do crescimento de emprego, coisa que ele não se importa”, afirmou.
Lula voltou a dizer que o país precisa de crédito a juros mais baixos para poder crescer, ou as empresas não terão condições de investir. Acrescentou que o governo pretende fazer uma política de financiamento “com os poucos recursos que temos” voltada especialmente para pequenas e médias empresas.
Lula disse que o anúncio sobre a nova regra fiscal deve ser feito apenas depois do retorno dele e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de viagem à China.
A viagem começa no próximo sábado (25), com previsão de retorno na sexta-feira (31).
“Não temos porque indicar agora o nosso modelo fiscal agora. Nós vamos viajar para a China e quando voltarmos, [a gente se] reúne”, falou.
“Seria estranho anunciar e ir embora [para a China]. O Haddad tem que anunciar e ficar aqui para debater, responder, dar entrevista, visitar, conversar com o sistema financeiro, conversar com a Câmara dos Deputados, o Senado, os outros ministros, conversar com empresários”, disse o presidente. “Como a visita à China é muito curta, vou ficar 24 horas sentado ao lado do Haddad conversando.”
Lula disse que não é preciso “ter a pressa que o setor financeiro quer”.
“[O arcabouço fiscal] acho que já está maduro, mas o que precisamos, e tenho chamado a atenção, é que precisamos fazer as coisas com muito cuidado porque a gente não pode deixar faltar recurso para a educação e saúde”, disse.
Na segunda-feira (20), o ministro Fernando Haddad havia reforçado a intenção de realizar o anúncio da proposta de arcabouço fiscal, em substituição ao teto de gastos, ainda da viagem presidencial. Com isso, a discussão acerca da regra fiscal já ocorria publicamente e a medida já poderia ser encaminhada ao Congresso Nacional junto da lei de diretrizes orçamentárias (LDO) até 15 de abril.