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    porto velho, segunda-feira 16 de setembro de 2024

Bonito, superfaturado, tomado por ambulantes e irresponsáveis

Estão transformando o espaço numa nova praça Madeira-Mamoré, que sucumbe pela inércia da administração pública


Jocenir Sérgio Santanna

Publicada em: 06/09/2018 13:25:01 - Atualizado

A capital dos rondonienses demorou muito para ter um local onde a população pudesse se encontrar nos fins de tarde para a prática de exercícios, para um happy no fim de semana, um lugar que servisse como cartão postal da tão sofrida e abandonada Porto Velho, até quando alguém pensou em transformar um espaço nobre, mas pouco utilizado pela comunidade, nesta referência para prática de esportes e entretenimento.

Pensaram no espaço alternativo como a solução para preenchimento desta lacuna, já que a praça da Ferrovia Madeira Mamoré, que já havia sido projetada para isso, tinha se transformado num reduto de mendigos, drogados e trombadinhas, sem segurança, uma mácula na imagem daqueles que lutaram tanto pela sua construção e preservação.


Sob a alegação da destruição provocada pela forte enchente de 2014, a praça que permite o mais lindo por do sol sobre as águas do Rio Madeira, que encantou gerações, foi deixada de lado, junto com o legado cultural que ela representa e hoje está lá, abandonada, em ruínas, um antro, sob o olhar de desdenho de quem deveria tomar conta do patrimônio do povo, mas não o faz.


O Espaço Alternativo, superfaturado pelo poder público estadual, construído no prolongamento da Avenida Jorge Teixeira, entre a Avenida Imigrantes e o Aeroporto que leva o mesmo nome do ex-governador rondoniense, caminha para o mesmo e precário destino.


A ausência do poder público está transformando o local numa nova praça Madeira-Mamoré, onde, sem nenhum tipo de controle, os ambulantes com seus carrinhos artesanais, caixas de isopor, cadeiras, mesas, churrasqueias esfumaçantes assando espetinhos de carne outros troços de origem duvidosa, dividem o espaço com traficantes de drogas, malandros à espreita de vítimas, famílias inteiras fazendo piquinique como se ali fosse um clube, caminhantes com seus cachorros enormes e perigosos sem proteção ou responsabilidade alguma, que por onde andam, como diziam os Mamonas Assassinas sobre as vaquinhas em um dos seus hits, vão deixando seus rastros de merda, sem que os donos tenham a complacência de juntá-las.


O Espaço Alternativo foi construído (vamos momentaneamente esquecer o superfaturamento), para que o povo pudesse ter o seu ponto de esportes e lazer, porém, este mesmo povo, de culturas tão diferentes e misturadas, parece não querer ter um local de referência, pois, o volume de lixo que diariamente é jogado na rua, nos canteiros, na passarela, dando a entender que prefere viver na sujeira, no lixo, no abandono, mostra que o problema é cultural, não apenas administrativo.


Essa situação se alonga em virtude de uma falta de entendimento entre o governo do estado e a prefeitura. No Paço Municipal, a informação é de que o espaço ainda é de responsabilidade do governo do estado, pois a obra ainda não foi concluída. No Centro Administrativo Estadual, diz-se que, por se tratar de uma via pública, a responsabilidade da manutenção e fiscalização é da prefeitura, pois cabe ao município a gestão de praças e espaços urbanos.


Nesta lenga-lenga, neste empurra-empurra, o milionário Espaço Alternativo vai se acabando, antes mesmo de ser inaugurado. Sem fiscalização, todo mundo faz o que quer e do jeito que quer, e isso tem afastado as famílias, não as dos piquiniques, mas as sensatas, que não querem ver seus filhos sob a mira da boca de pitbulls e outras raças sem focinheiras, e nem expô-los à verdadeira feira de dissabores proporcionada pelos ambulantes e suas comidas impalatáveis, servidas sem o mínimo de higiene, sem que a vigilância sanitária tome alguma providência.


Prefeitura e governo do estado precisam entrar em um acordo sobre a manutenção, fiscalização e segurança. A prefeitura tem os guardas municipais, que deveriam ser utilizados para cuidar deste patrimônio público ao invés de ficarem apostos à sombra de árvores e marquises nos cruzamentos da cidade, com seus caderninhos da fábrica de multas. O governo do estado tem a Polícia Militar, que pode auxiliar neste controle, como tem feito através de câmeras de seguranças instaladas, mas que ainda são insuficientes. A vigilância sanitária precisa urgente fiscalizar o que se come e o que se bebe no espaço alternativo e a secretaria de urbanismo, definir a questão dos ambulantes. Como está, não dá para ficar.


Para o povo, ah esse povo difícil, de cultura questionável e educação decadente, vindo de todos os cantos do Brasil, que tem na pele a cultura da invasão, da destruição e da desordem, pessoas que não respeitam a si mesmos e tampouco ao próximo, os quais a educação ambiental passa longe de suas vistas e que a consciência do público está longe da necessária para que ajude a cuidar do que também é seu, esse povo que cobra tudo do poder público mas esquece de ver as suas próprias ações, seu próprio rabo, para esse povo, só resta rezarmos e pedir que entendam, de uma vez por todas, que não se pode viver no lixo, no abandono, na falta de capricho e de responsabilidade.


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