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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
BRASIL: Responsável pelo bom funcionamento de diversas funções do organismo, a vitamina D é essencial, principalmente para a absorção de cálcio pelos ossos. Entretanto, sua baixa dosagem pode trazer comprometimento à saúde, como a aceleração do processo de envelhecimento cerebral. Dentro dos grupos que mais sofrem com níveis deficientes da vitamina estão as mulheres.
De acordo com o endocrinologista e metabologista José Marcelo Natividade, alguns estudos mostram que, em determinadas faixas etárias, os níveis de vitamina D são inferiores no público feminino, quando comparados aos dos homens.
"Essa baixa de vitamina D é algo que ocorre em todo o mundo e, embora o Brasil seja um país de baixa latitude, predominantemente ensolarado, temos uma grande parcela populacional — cerca de 20% — com os níveis da vitamina aquém do esperado", afirma o endocrinologista.
Ele acrescenta que se estima que a taxa de deficiência de vitamina D entre a população mais ao sul do país seja ainda maior, com 25%.
A nutricionista Gabriela Cilla afirma que as mulheres possuem maior predisposição à baixa de algumas vitaminas, entre elas a vitamina D.
Isso ocorre pela baixa densidade de massa óssea, o que aumenta os riscos de osteopenia e osteoporose, que também são provocadas pela falta do nutriente.
A baixa produção de colágeno e de radicais livres devido ao processo menstrual também afeta o ciclo de aproveitamento da vitamina.
Natividade explica que um dos "vilões" das baixas concentrações vitamínicas no público feminino é o estrogênio, hormônio que contribui com a diminuição da absorção da vitamina D no intestino.
Gabriela acrescenta que, durante a gestação, as alterações hormonais também podem interferir.
Ainda, mulheres durante o climatério (entre 45 e 55 anos) passam por alterações texturais na pele, que interferem na absorção da vitamina D.
O ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, médico do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês, salienta ainda a questão alimentar.
"A falta da ingestão de alimentos que contenham vitamina D, que são aqueles de origem animal, pode comprometer a sua absorção."
Outro fator de interferência lembrado pelos especialistas são os cuidados que a mulher toma, tanto pela aplicação de protetor solar quanto pelo uso de maquiagem.
A utilização dos produtos acaba criando uma "barreira", que dificulta a absorção adequada da vitamina pela exposição solar.
A nutricionista afirma que, embora muitas mulheres façam a suplementação vitamínica, os níveis continuam baixos devido à falta de exposição solar, fator determinante para a produção do nutriente pelo organismo.
Além disso, o endocrinologista diz que, conforme a cor da pele, a absorção pode ser dificultada, principalmente aquelas mais escuras.
Pupo afirma que a dosagem ideal de vitamina D é acima de 20 ng/ml entre mulheres que não tenham fatores de risco para fraturas ou osteoporose. Para quem apresenta tais condições, a recomendação é que os níveis estejam acima de 30 ng/ml.
O ginecologista alerta, também, para os riscos da superdosagem. "Taxas de vitamina D acima de 90 ng/ml podem provocar a fixação de cálcio nas artérias, assim como facilitar a formação de pedras no trato urinário". Assim, os níveis ideais seriam entre 20 ng/ml e 60 ng/ml.
Natividade afirma que entre as medidas para manter os níveis adequados de vitamina D estão diminuir o consumo de carboidratos refinados; evitar a obesidade; manter a prática recorrente de atividades físicas; comer maiores níveis de peixes e crustáceos, como o salmão, a sardinha e o atum.
O endocrinologista recomenda a exposição solar sem protetor em horários com menores emissões de raios UV (ultravioleta), fora dos horários entre 10h e 16h.
Para peles mais claras, a orientação é de exposição de, no máximo 15 minutos; peles mais escuras, em torno de 30 minutos; e peles negras, até 60 minutos.