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porto velho, sexta-feira 29 de novembro de 2024
BRASIL: Mesmo com oferta de vacinas pediátricas contra a Covid-19, oficialmente o Brasil só registrou a imunização de menos de 20% do público de 5 a 11 anos, até esta segunda-feira (7). São 3,7 milhões de aplicações nessa faixa etária, embora os estados e o Distrito Federal tenham recebido cerca de 10 milhões de doses das vacinas da Pfizer e da CoronaVac para a campanha infantil.
As atualizações foram compiladas a pedido do R7 pelo Vacinômetro do Painel Covid-19 – Estatísticas do Coronavírus, plataforma criada pelo analista de sistemas e matemático Giscard Stephanou com base em dados do Ministério da Saúde e das secretarias de Saúde dos estados e do DF.
O vacinômetro mostra que o número de crianças entre 5 e 11 anos que receberam a primeira dose até o momento corresponde a 18,25% da população estimada em 20,2 milhões nessa faixa etária. As unidades federativas que proporcionalmente mais vacinaram até o momento foram São Paulo, com quase 2 milhões de crianças imunizadas (49,34%), Distrito Federal (30,34%), Rio Grande do Norte (22,79%) e Espírito Santo (19,57%).
Na outra ponta, entre os estados que menos aplicaram as vacinas estão o Amapá (1,08%), Tocantins (1,69%), Pará (2,14%), Sergipe (2,24%), Paraíba (2,53%) e Mato Grosso (2,53%) O recorte pela idade não foi compilado por dois estados, indicando que há subnotificação no registro de crianças vacinadas. São eles: Alagoas e Acre. Outras unidades, como Rio de Janeiro e Paraíba, relataram atrasos na inserção de dados.
O médico Eduardo Jorge da Fonseca Lima, membro do Departamento Científico de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), afirma ter preocupação com a lentidão da vacinação infantil e lamenta que muitos pais e responsáveis ainda tenham receio de imunizar os filhos. "As vacinas são seguras e eficazes. Ainda que proporcionalmente menos atingidas do que adultos e idosos, as crianças também sofreram com a Covid, que matou mais do que a soma das doenças preveníveis, sem contar consequências da Covid longa", alerta.
Lima afirma que parte dessa resistência tem como ponto de partida a própria mensagem do presidente da República, Jair Bolsonaro, que, em declarações públicas, frisa os efeitos adversos e se nega a vacinar a própria filha de 11 anos. "O governo precisa reforçar a importância da vacinação a todas as faixas etárias. É importante acelerar a campanha no Brasil, incluindo a essa população", completa.
Até o momento, o Ministério da Saúde distribuiu quase 10 milhões de doses de vacinas ao público de 5 a 11 anos. A pasta calcula que terá entregue vacinas suficientes para atender a toda a faixa etária nesta primeira quinzena. "Estamos trabalhando fortemente para antecipar as doses infantis. Até o dia 15 de fevereiro distribuiremos doses para vacinar todas as crianças de 5 a 11 anos", afirmou o ministro Marcelo Queiroga, nesta segunda (7). "Vamos continuar trabalhando para apoiar os estados e municípios para que as consequências dessa terceira onda sejam as menores possíveis para a sociedade."