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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
MUNDO - Gana declarou, na manhã desta segunda-feira (18), que vive o primeiro surto da doença causada pelo vírus marburg, semelhante ao ebola. A confirmação oficial veio após um laboratório do Centro Colaborador da OMS (Organização Mundial da Saúde) reafirmar os resultados positivos de exames de dois homens mortos em Ashanti, região sul do país africano.
Os testes realizados em Gana deram positivo em 10 de julho, mas os resultados tiveram que ser verificados por um laboratório no Senegal para que os casos fossem considerados confirmados, segundo a OMS.
Um caso foi de um homem de 26 anos que deu entrada em um hospital em 26 de junho de 2022 e morreu no dia seguinte. O segundo caso foi de um homem de 51 anos internado em 28 de junho que foi a óbito no mesmo dia.
Os dois indivíduos, que não têm nenhuma relação interpessoal, apresentaram sintomas como diarreia, febre, náuseas e vômitos antes de morrerem no hospital.
O GSH (Sistema de Saúde de Angola, na sigla em inglês) está monitorando mais de 90 pessoas que tiveram contato com os dois infectados, incluindo a equipe médica.
"As autoridades de saúde [ganenses] responderam rapidamente, adiantando-se na preparação para um possível surto. Isso é bom porque, sem uma ação imediata e decisiva, o marburg pode facilmente sair do controle", disse Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África.
Este é o segundo surto de marburg na África Ocidental. O primeiro foi no ano passado, em Guiné, quando surgiu um infectado. Porém o surto foi declarado encerrado no dia 16 de setembro de 2021, cinco semanas após a detecção do caso inicial, sem a identificação de outros casos.
Marburg é uma febre hemorrágica viral altamente infecciosa da mesma família do vírus ebola. É transmitida às pessoas por morcegos frugívoros — que se alimentam de frutas — e se espalha entre humanos por meio do contato direto com os fluidos corporais de pessoas, superfícies e materiais infectados, diz a OMS.
A doença começa abruptamente, com febre alta, dor de cabeça intensa e mal-estar. Muitos infectados desenvolvem sinais hemorrágicos graves em sete dias.
Em surtos anteriores, as taxas de mortalidade variaram de 24% a 88%, dependendo da cepa do vírus e da qualidade do gerenciamento de casos.
Desde 1967, houve alguns surtos esporádicos da doença nos seguintes países: Angola, República Democrática do Congo, Quênia, África do Sul e Uganda.
O mais grave e mortal ocorreu em 2005, quando mais de 200 pessoas em Angola morreram, vítimas da infecção.
A OMS alerta os países vizinhos a terem uma atenção especial a possíveis casos, para que a doença não se espalhe. Além disso, as autoridades sugeriram que os indivíduos se mantenham afastados de cavernas, locais normalmente habitados por morcegos.
Não existem vacinas nem tratamentos antivirais aprovados contra o vírus. Os cuidados são clínicos, com reidratação com fluidos orais ou intravenosos e o tratamento de sintomas específicos para melhorar a sobrevida.
Uma série de tratamentos potenciais, entre os quais produtos sanguíneos, terapias imunológicas e terapias medicamentosas, bem como vacinas candidatas com dados de fase 1, está sendo avaliada.