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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
BRASIL: A abdominoplastia e a lipoaspiração, procedimentos realizados para remover gordura corporal, não podem ser considerados tratamentos para perda de peso e nem contra a obesidade.
“Quando o paciente está com obesidade o resultado da plástica de abdômen não vai ser favorável. Há uma necessidade que ele entre no mínimo de peso ideal para poder fazer a cirurgia. Quanto à lipoaspiração, a grande indicação dela é para gordura localizada, ela não pode ser considerada um tratamento de emagrecimento”, informa o cirurgião plástico e oncológico, Wandemberg Barbosa.
Para o especialista o peso ideal, beseado no IMC (índice de massa corpórea), que é a diferença entre peso e altura, é abaixo de 25. Se a pessoa estiver acima, os resultados podem ir contra as expectativas.
Além disso, a quantidade de gordura retirada tem limites. “A lipoaspiração tem de respeitar o CFM (Conselho Federal de Medicina), que manda retirar 6% do peso corporal. Então, se o paciente tem 70 kg eu posso aspirar, no máximo, até quatro litros e duzentos, se não eu vou tornar essa cirurgia plástica de risco muito alto”, informa Barbosa.
Segundo a ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética), antes do início da pandemia, em 2019, o Brasil era responsável por 13% de todas as cirurgias plásticas estéticas realizadas no mundo. O número equivale a quase um milhão e 500 mil procedimentos.
“A pessoa precisa ter uma indicação adequada. O que acontece se ela está na ansiedade de realizar [a cirurgia] e o cirurgião resolve fazer mesmo tendo a consciência de que o resultado não vai ser bom? Termina não sendo bom para nenhuma das duas partes”, alerta o cirurgião.
De acordo com Barbosa, nesse tipo de procedimento, não são retiradas apenas gorduras, mas também diversas outras substâncias, que se removidas em excesso, podem desencadear complicações.
“Na aspiração não sai só gordura, sai líquido, eletrólitos, uma série de coisas. Então, de repente, eu estou levando essa paciente para uma esfoliação muito grande e ela vai responder a uma cirurgia plástica como uma grande cirurgia, um politraumatismo, porque ela perde eletrólise, hemoglobina, pode causar anemia”, avisa o cirurgião.
E acrescenta: “se eu faço uma lipoaspiração de quatro litros, essa paciente vai perder 700 ml de massa sanguínea e isso é pouco. Mas, acima disso, eu já vou levar ela a um risco que não é adequado para cirurgia plástica, ela não foi feita para correr risco.”
A abdominoplastia, por exemplo, só é indicada para pacientes que sofrem de diástase (afastamento) dos músculos retos abdominais, flacidez na pele, depósitos de gordura e estrias na região da barriga.
“Se na fase de exame pré-operatório for detectada alguma anormalidade do ponto de vista cardíaco, renal, hepático a cirurgia não é recomendada”, afirma Barbosa.
O cirurgião explica que o indivíduo que não se enquadra nos critérios de peso é encaminhado para um regime com nutricionista e orientado a praticar exercícios físicos, para atingir a faixa mínima.
Barbosa diz, ainda, que é essencial procurar uma indicação adequada, para evitar intercorrências e receber as devidas orientações durante o processo e exames pré-operatórios. Sendo assim, o profissional deve ser um cirurgião plástico e membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).
Mulheres que pretendem engravidar devem pensar bem se vale a pena fazer qualquer uma das cirurgias.
“A plástica não interfere na gravidez, o problema é que com o esticamento do abdômen, que vai ser provocado pela gestação, ela vai forçar essa musculatura que foi aproximada na plástica de abdômen. Então, posteriormente, ela poderá ter que refazer a cirurgia”, adverte o cirurgião.
Os indivíduos que são obesos ou passaram por um processo de emagrecimento, mas têm o quadro chamado de “abdômen em avental” – condição se caracteriza pelo excesso de pele flácida e caída na barriga – podem fazer o procedimento, que é considerado reparador e não estético.
“Se esse abdômen em avental estiver causando fissura na pele, chamada de intertrigo, podemos fazer uma plástica, tirar o excesso e depois fazer uma definitiva”, indica Barbosa.