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porto velho, sábado 21 de dezembro de 2024
Considero perigoso a ideia de misturar religião com política. A política, como nós sabemos, é um campo minado, onde predominam inveja, discórdia, traição e, principalmente, corrupção, coisas que vão na contramão do que prega a palavra de Deus, cuja essência é o amor, a misericórdia, a caridade e o respeito ao próximo.
De tempos a este, políticos e líderes religiosos, cada vez mais preocupados com seus interesses, com as devidas exceções, insistem em misturar as coisas de Deus com as coisas do mundo e, quando isso acontece, o resultado é sempre desastro. A história mundial está repleta de exemplos do que aconteceu quando esses dois universos se juntaram.
Tenho respeito e admiração pelo segmento evangélico, em cujo terreno construí amizades sinceras. Só discordo quando algumas denominações resolvem mistura religião com política, cedendo, inclusive, seus púlpitos, que é um local sagrado, reservado para pregação da palavra de Deus, para serem usados por políticos demagogos e bravateiros.
O pastor da Igreja Assembleia de Deus Vencer em Cristo, Silas Malafaia, é uma pessoa muito importante e reconhecida na sua área de trabalho. Ele foi um dos maiores apoiadores de Jair Bolsonaro. Chegou a comprar briga com quase todo mundo por causa do ex-presidente. Dias atrás, Malafaia deixou políticos e religiosos boquiabertos, ao fazer severas críticas ao ex-comandante do Brasil, chamando-o de ‘covarde e omisso’ por causa do seu papel nas eleições de São Paulo. Na prática, Malafaia queria uma atuação mais efetiva de Bolsonaro na campanha de Ricardo Nunes, o que não aconteceu.
Estudiosos do comportamento humano garantem que a conduta de Malafaia apenas revela seus próprios interesses, típico de alguém que quer ser protagonista. Independentemente dos motivos que levaram Malafaia a partir em tropelia contra alguém cujo projeto político ele abraçou abertamente, inclusive participando de manifestações pró-Bolsonaro, seu gesto causou uma péssima impressão, sobretudo porque isso acaba maculado a obra do Reino, que não tem nada que ver com as obras da carne na qual a política está inserida.