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    porto velho, sábado 14 de junho de 2025

Quer apostar?


Por Walterlina Brasil

13/06/2025 18:41:37 - Atualizado

Quer apostar?

Dra. Wal Brasil

*Professora Walterlina Brasil é Docente Titular do Departamento de Ciências da Educação da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Professora em Cursos de Licenciatura e do Programa Nacional em Rede Mestrado Profissional em Administração Pública – PROFIAP UNIR. Pesquisadora do Grupo de Estudos de Educação Superior – GEPES/UNIR

Sobre mim: https://linktr.ee/walterlina.brasil

Nos últimos anos, as apostas online se consolidaram como um dos setores mais controversos do Brasil. Com a regulamentação das apostas esportivas em vigor desde janeiro de 2025, o debate sobre fiscalização e proteção dos consumidores continua acalorado. Enquanto defensores argumentam em favor de regras mais rígidas para garantir transparência e segurança, críticos alertam para os riscos sociais e econômicos associados à proliferação de plataformas ilegais. Neste cenário, o país se vê diante do desafio de equilibrar oportunidades econômicas e impactos negativos causados pelo crescimento desordenado do setor.

Mercado de apostas.

Mesmo com a regulamentação das apostas esportivas em vigor desde janeiro de 2025, plataformas irregulares continuam operando no Brasil. Um estudo revelou que esses sites enganam apostadores, burlam regras de segurança e dificultam a identificação por parte dos consumidores. Além disso, exploram influenciadores digitais e oferecem promoções incompatíveis com a legislação.

Um relatório do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) analisou mais de 200 mil publicações que promovem apostas para crianças e adolescentes em redes sociais como Telegram e YouTube. A pesquisa revelou que influenciadores digitais ocultam restrições etárias e apagam registros logo após transmissões ao vivo, dificultando a fiscalização.

Uma pesquisa mostrou que seis em cada dez apostadores no Brasil usaram BETs irregulares este ano. Muitos não conseguem distinguir sites legais dos ilegais, e pessoas de menor renda e escolaridade são as mais afetadas. O estudo também apontou que o mercado ilegal pode gerar um impacto fiscal de até R$ 10,8 bilhões em um ano

O Cassino brasileiro.

Muitos especialistas alertam que as apostas online estão transformando o Brasil em um "enorme cassino". Há relatos de pessoas que perderam grandes quantias de dinheiro, e o setor tem sido acusado de explorar influenciadores e patrocinadores para promover a prática.

Apesar da regulamentação das apostas esportivas desde janeiro de 2025, 61% dos apostadores ainda utilizam sites ilegais. Isso gera uma perda fiscal estimada em R$ 10 bilhões por ano. O governo enfrenta dificuldades para combater essas plataformas clandestinas, que muitas vezes operam sem transparência.

O governo aumentou a tributação sobre as apostas de 12% para 18%, o que gerou forte reação do setor. Especialistas argumentam que essa medida pode fortalecer o mercado ilegal, pois operadores clandestinos não pagam impostos e oferecem condições mais atraentes para os apostadores.

A publicidade de apostas online tem sido alvo de críticas, especialmente porque muitos influenciadores promovem BETs sem alertar sobre os riscos. Alguns famosos já se arrependeram de divulgar essas plataformas, enquanto outros continuam lucrando com campanhas publicitárias.

As Bets, o ridículo e os “influenciadores”.

A participação de influenciadores digitais em investigações parlamentares costuma gerar controvérsia, e no caso da CPI das Bets, essa questão foi ainda mais evidente. O depoimento de uma das principais figuras desse meio chamou atenção não apenas pelo conteúdo das respostas, mas pela forma como foi conduzido, levando a questionamentos sobre a seriedade do processo e os impactos na imagem pública da investigação.

A presença de uma influenciadora em particular, expôs uma série de posturas inadequadas que comprometeram o processo. A falta de preparo e as respostas superficiais evidenciaram seu desconhecimento sobre os temas discutidos, enquanto a atitude excessivamente descontraída gerou desconforto, destoando do ambiente investigativo. Além disso, a tentativa constante de autopromoção e o desvio do foco para sua popularidade reforçaram críticas sobre a participação de figuras midiáticas sem propósito claro. Quando pressionada, sua reação desproporcional às críticas, sem argumentos sólidos, apenas intensificou a percepção de que seu depoimento contribuiu mais para um espetáculo midiático do que para esclarecimentos relevantes sobre as irregularidades no setor de apostas online.

A CPI das Bets: do nada para lugar nenhum?

O relatório final da CPI das Bets, recomendou o indiciamento de 16 pessoas, incluindo influenciadores digitais como Virginia Fonseca e Deolane Bezerra, além de empresários ligados ao setor de apostas. O documento apontava indícios de lavagem de dinheiro, estelionato e propaganda enganosa, além de sugerir mudanças legislativas para endurecer a regulamentação das apostas online.

A rejeição do relatório ocorreu por 4 votos a 3, com senadores como Angelo Coronel, Eduardo Gomes, Efraim Filho e Professora Dorinha Seabra votando contra. Entre os argumentos para a rejeição estavam a falta de tempo para análise do documento, críticas à fundamentação dos indiciamentos e a influência do lobby das casas de apostas. Apesar da derrota, Soraya afirmou que encaminhará as investigações ao Ministério Público e à Polícia Federal, mantendo o debate sobre a regulamentação do setor.

Desafios do Contexto.

Apesar dos avanços na regulamentação, o Brasil ainda enfrenta dificuldades para conter a atuação de plataformas ilegais de apostas online. O episódio das audiência com influenciadores acabou desviando o foco das questões centrais sobre irregularidades nas apostas, alimentando críticas de que a CPI se tornou um evento, na prática, um espetáculo midiático e de mal gosto. O caráter investigativo perdeu força diante da repercussão das polêmicas relacionadas à postura da influenciadora. Além disso, o desgaste entre parlamentares e a população pode comprometer futuras iniciativas regulatórias.

O caso ilustra como a participação de figuras midiáticas em CPIs exige um planejamento mais cuidadoso, para evitar que o debate se torne superficial e que elementos de entretenimento sobreponham o objetivo central de esclarecimento e responsabilização.

Com a rejeição do relatório da CPI das Bets e o fortalecimento do lobby do setor, a fiscalização e a proteção dos consumidores permanecem como desafios urgentes. A explosão das apostas digitais exige respostas eficazes por parte do governo e da sociedade, sob risco de transformar o país em um "cassino sem fronteiras". O futuro do mercado de apostas dependerá da capacidade de equilibrar desenvolvimento econômico e responsabilidade social, sem negligenciar os impactos gerados pela falta de controle sobre o setor.

Saiba Mais? Algumas referências.

Notícia: CPI das Bets e nenhum resultado.

https://oglobo.globo.com/brasi...

Noticia: Lobby das apostas vence no Senado. https://www.msn.com/pt-br/pol%...

Notícia: Bets e Juros do Governo. Reação. https://veja.abril.com.br/econ...

Noticia: Febre das Bets e influenciadores.

https://www.uol.com.br/splash/...

Notícia: Uso de sites ilegais de Bets no Brasil.

https://ndmais.com.br/politica...

Notícia: Bets e o cassino brasileiro. https://www.tnh1.com.br/notici...

Notícia: O mercado ilegal das Bets. https://noticias.r7.com/brasil...

“Famosos das Bets” na CPI.

https://portalnorte.com.br/not...


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