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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
BRASIL: A promotora Monique Ratton, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), afirmou em manifestação à Justiça paulista que o empresário Fernando Sastre Andrade Filho, de 24 anos, e a mãe dele, Daniela Andrade, agiram para “atrapalhar as investigações” sobre o acidente provocado por ele com seu Porsche que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos.
O acidente ocorreu na madrugada do último domingo (31/3), na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, zona leste paulistana. Fernando estava com um amigo no Porsche quando bateu em alta velocidade na traseira do carro de Ornaldo. A mãe do empresário foi ao local e os policiais permitiram que ela levasse o filho ao hospital sem fazer o teste do bafômetro. Mas eles acabaram indo para casa e Fernando só se apresentou à polícia 38 horas depois.
“Vislumbro prática de atos a fim de atrapalhar as investigações, tanto pelo investigado, quanto por sua genitora Daniela Cristina De Medeiros Andrade especialmente quanto à possível frustração da elaboração do exame de alcoolemia do condutor do veículo”, afirma a promotora.
Segundo depoimento de uma amiga que estava com Fernando na noite do acidente, o empresário ingeriu drinks no jantar e discutiu com a namorada porque ela não queria que ele dirigisse por estar “um pouco alterado”, logo após saírem de uma casa de poker que funciona no sistema de “open bar” — ou seja, o cliente paga uma taxa fixa de consumação e tem direito a beber o que quiser.
Para a promotora, Fernando e a mãe “agiram de forma a tentar se furtar da aplicação da lei penal, já tendo desrespeitado solicitações policiais durante o momento do flagrante do crime”.
Vídeos mostram que o Porsche do empresário, avaliado em mais de R$ 1 milhão, estava em ala velocidade (veja abaixo) quando atingiu o Renault Sandero de Ornaldo. O limite de velocidade na via é de 50km/h. À Polícia Civil, Fernando negou ter ingerido bebidas alcoólicas, mas admitiu que estava “um pouco acima do limite de velocidade”.
Em depoimento à polícia, a sócia-proprietária do clube de pôquer disse que Fernando Filho chegou ao local por volta de 23h30 de sábado e saiu aproximadamente 2h. Ela disse não ter visto o que ele bebeu, mas afirmou que todos os clientes podem comer e beber à vontade mediante a taxa de entrada, que é de R$ 300.
Imagens das câmeras de monitoramento externas mostram o momento em que o empresário deixa o local, com um amigo e, logo atrás, duas jovens, por volta de 2h10.
O grupo conversa na rua por alguns minutos, até que o empresário e o amigo entram no carro de luxo e as duas mulheres entram em outro veículo. O acidente aconteceria logo depois, às 2h25, segundo o registro da ocorrência.
Segundo testemunhas, Fernando trafegava em “altíssima velocidade” e aparentava sinais de embriaguez, como “voz pastosa” e andar cambaleante. Uma delas relatou que havia garrafas verdes dentro do Porsche.
Fernando foi indiciado por homicídio com dolo eventual, lesão corporal e fuga de local de acidente. O pedido de prisão temporária feito pela polícia foi negado pela Justiça.
A mãe do empresário, como mostrado pelo site foi indiciada por fraude processual, porque ela inviabilizou que Fernando fosse submetido a exames toxicológicos.
Além disso, a conduta dos policiais militares que liberaram Fernando Filho também será investigada. A Polícia Militar informou que instaurou uma investigação preliminar para apurar as circunstâncias.
Em nota, a defesa do empresário afirma que ele deixou o local por receio de “linchamento”, além de precisar se “resguardar” após a notícia do falecimento do motorista de aplicativo.
“Fernando se apresentou espontaneamente na sede do 30º DP. Pôde, então, prestar depoimento, apresentando sua versão dos fatos”, diz a nota. “Todas as circunstâncias do acidente serão devidamente apuradas no curso da investigação, com a mais ampla colaboração de Fernando.”